Metalúrgico aponta redução da jornada como prioridade

Para Claudir Nespolo, que assume presidência da CNM-CUT, redução da jornada vai reduzir os efeitos do avanço tecnológico e da intensidade do trabalho na saúde do trabalhador

(Foto: Arquivo/CNM)

São Paulo – O dirigente metalúrgico gaúcho Claudir Nespolo assume, nesta sexta-feira (21), a presidência da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM-CUT), num momento ímpar para os metalúrgicos brasileiros. Ainda em maio, o setor deve retomar o pico de nível de emprego de 2008, aproximando-se da melhor marca dos últimos 20 anos.

A apenas 12 mil postos de trabalho para alcançar os 2,16 milhões de vagas registradas no setor em 2008, Nespolo acredita que a redução da jornada será fundamental para melhorar a distribuição de renda e a qualidade de vida dos trabalhadores. “A CNM tem todo um trabalho estruturado de luta pela redução da jornada de trabalho, não só para os metalúrgicos, mas para toda a sociedade”, afirma. “Precisamos garantir que a roda virtuosa da economia continue”, acrescenta.

Segundo o dirigente, a estratégia da confederação se divide em pautar as empresas para garantir a redução da jornada nas mesas de negociação, pressionar a Câmara dos Deputados para votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95 que trata da redução da jornada, sem redução de salários, e exercer pressão sobre o governo federal para garantir distribuição de renda.

“A distribuição de renda ocorre pela elevação salarial na mesa de negociações e pela redução da jornada que possibilita aumentar a massa salarial e o número de pessoas que recebem salário”, elenca. Só no setor metalúrgico, Nespolo calcula que a redução da jornada de trabalho vai criar um novo emprego a cada 15 trabalhadores em exercício. “Serão mais de 2 milhões de empregos no país, em todos os setores”, estima.

Ritmo de trabalho

A redução da jornada tem outras virtudes, lembra o dirigente metalúrgico. Uma delas é melhorar a saúde do trabalhador. “Nos últimos anos, a tecnologia aumentou em muito a intensidade do trabalho”, descreve. “Um cotidiano desse tipo causa estresse e adoecimento aos trabalhadores”, condena.

Nespolo que dirigiu o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre (RS) por três mandatos e atualmente é secretário de Política Sindical da CUT-RS alerta para o perigo do ritmo de trabalho. “Vemos surgir uma multidão de sequelados. O ritmo cada vez mais intenso de trabalho é um grande trauma que temos de evitar no ambiente de trabalho”, analisa.

“Saúde do trabalhador é estratégico em todos os momentos”, reforça o líder metalúrgico.