Campanhas

Movimentos sociais se unem a bancários e petroleiros na Avenida Paulista

Manifestação hoje às 15h cobrará responsabilidade social dos bancos, papel da Petrobras no desenvolvimento nacional e reunirá pequenos agricultores, sem-terra, sem-teto e outros movimentos

CUT antecipou programação de congresso hoje para viabilizar participação em manifestação à tarde

São Paulo – Os bancários estão em greve nacional há 11 dias em razão de terem recebido da federação patronal, a Fenaban, proposta de reajuste de 5,5%, ante uma inflação de 9,88%. De acordo com a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Maria da Silva, a proposta ofendeu a categoria, ao significar um rebaixamento de poder aquisitivo: “Os bancos lucram demais, têm condições de repor a inflação e ainda dar aumento real. Só há uma nome para a proposta que fizeram: ganância”.

Por também enfrentarem dificuldades nas negociações, os petroleiros que, como os bancários, têm data-base em 1º de setembro, participarão hoje (16) de protesto conjunto com os trabalhadores do ramo financeiro a partir das 15h na Avenida Paulista. A categoria rejeita a redução do plano de investimentos da estatal, no plano estratégico, e contesta o formato de negociação conduzido pela empresa, que, em vez de universalizar os debates para a renovação do acordo nacional, fatiou as reuniões por segmentos, dividindo a negociação.

Jailton Garcia/Sind Bancários SPIvone Maria da Silva
A secretária-geral do Sindicato dos Bancários, Ivone Silva: palavra que define proposta dos bancos é ganância


Ouça entrevista da secretária-geral  do
Sindicato dos Bancários na Rádio Brasil Atual.

O Movimento dos Pequenos Agricultores, que esta semana realizou congresso em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, anunciou hoje de manhã que estava acelerando a desmontagem da estrutura do evento para se dirigir à Avenida Paulista e participar do protesto. A CUT, que também promove esta semana seu 12º congresso nacional, antecipou a formalização do processo de escolha da nova diretoria para o início da tarde.

Vagner Freitas, bancário, foi reconduzido à presidência da central. A antecipação foi decidida para que bancários, petroleiros e outras categorias presentes participem da manifestação à tarde. Durante debate esta semana no congresso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já havia confirmado presença no protesto.

Outro importante movimento social, o dos trabalhadores sem teto (MTST) tem apoiado a greve dos bancários nacionalmente desde o início. Não é a primeira vez que as organizações tomam iniciativas conjuntas. Em maio, bancários e sem-teto apresentaram proposta ao governo federal de redução da alíquota do recolhimento compulsório sobre a poupança de 20% para 15%, com objetivo de financiar moradias populares e, ao mesmo tempo, combater a redução da atividade econômica.

Adesão

O movimento dos bancários tem um dos maiores níveis de adesão nacional desde 2003. Mais de metade dos locais de trabalho está parada, segundo o comando nacional. Em São Paulo, a mobilização envolve cerca de 60 mil trabalhadores de mais de 794 agências e 24 prédios de grande concentração de funcionários e operações, como call centers.

O movimento tem tirado o sono dos bancos, mas não há, segundo Ivone Silva, nenhum sinal de apresentação de nova proposta. Os bancos, por sua vez, tem tirado o sono de seus funcionários, formando unidades de contingenciamentos de operações fora dos locais de trabalho de origem dos funcionários. Em alguns departamentos, as pessoas são coagidas a entrar de madrugada ou mesmo dormir nas unidades.

Anju/Sind Bancários SPpijama
Integrantes do sindicato dos bancários protestam de pijama diante de unidade do Santander

Na madrugada de ontem para hoje, dirigentes sindicais ficaram de pijama em frente a um prédio do Santander no Bairro do Limão, zona norte da capital paulista, em um ato para denunciar a tentativa do banco em desrespeitar a lei de greve enviando carros para buscar seus funcionários e driblar o direito de greve. A concentração continua fechada nesta sexta. O Itaú já havia sido flagrado praticando a mesma ilegalidade, sendo condenado pela Justiça. O sindicato entrou com mandados de segurança e obteve liminares com a imposição de multas ao banco por prática antissindical. “A madrugada foi feita para o sono, no máximo para diversão”, afirma a diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa, que participou do protesto.

Em São Paulo, a categoria volta a fazer assembleias na próxima segunda-feira (19). Até lá, avaliam se os bancos fizeram algum gesto em relação a novas negociações. Mas, segundo o sindicato, a tendência caminha para a continuidade da greve. Agora com algumas referências de acordos celebrados por outras categorias. “E são setores com desempenho inferior ao dos bancos”, observa Ivone Silva.

Na indústria, por exemplo, estão sendo feitas propostas assegurando a reposição da inflação pelo INPC. A Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT) informa já ter acordos encaminhados para uma base de 70 mil trabalhadores. Sindicatos patronais do setor químico e plástico também já anunciaram reajuste equivalente ao INPC para a categoria no estado – a proposta será avaliada em assembleias no dia 23 com validade a partir da data-base, 1º de novembro.

Leia também

Últimas notícias