Contra as privatizações

Metroviários, ferroviários da CPTM e funcionários da Sabesp param nesta terça. Governo não negocia e convoca a polícia

Trabalhadores entram em greve a partir da meia-noite contra privatizações e corte orçamentário. Governo rejeitou propostas dos metroviários

Paulo Pinto/Agência Brasil
Paulo Pinto/Agência Brasil
"Ao invés de dialogar, nos foi informado que haverá reforço policial"

São Paulo – O governo de São Paulo frustrou qualquer tentativa de negociação, e com isso a greve de metroviários, ferroviários da CPTM e funcionários da Sabesp, além de setores do funcionalismo, está confirmada para esta terça-feira (28). Os trabalhadores protestam contra a política de privatizações do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), contra cortes orçamentários na educação e demissões no próprio Metrô.

A presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, disse que a categoria apresentou três alternativas em relação à greve. “Parar a tramitação do projeto de privatização da Sabesp, convocar um plebiscito oficial sobre as privatizações e liberar as catracas do metrô e CPTM.” Além de rejeitar todas e não oferecer contraproposta, o governo informou apenas que haverá reforço policial nas estações. Assim, a greve de 24 está mantida – e começa à zero hora.

Proposta da catraca livre

“O Sindicato dos Metroviários mantém a proposta da catraca livre como alternativa à greve”, afirma a entidade. “E seguimos abertos ao diálogo e a outras propostas que possam surgir no sentido de paralisar os processos de privatização e dialogar com a sociedade sobre o tema.”

O Projeto de Lei (PL) 1.501, de privatização da Sabesp, tramita em regime de urgência na Assembleia Legislativa. Às 15h desta terça, está programado ato público diante da Assembleia, reunindo Sintaema (trabalhadores em água e esgoto) e sindicatos de Metroviários, Ferroviários e dos professores da rede estadual (Apeoesp), além de movimentos sociais e parlamentares.

Ameaça de punições ilegais

Na tarde de hoje, os trabalhadores de várias categorias realizaram um ato em frente a Câmara Municipal paulistana, na região central. Em votação simbólica, confirmaram a greve marcada para amanhã. “Ao invés de dialogar, nos foi informado que haverá reforço policial nas estações e ameaças de punições ilegais (…). A greve está mantida, os trabalhadores estarão exercendo seu direito constitucional à greve”, completa comunicado divulgado pelo Sindicato dos Metroviários.

Assim, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado divulgou comunicado logo após o encontro com os trabalhadores informando sobre o “plano de operação” para a greve. “Reforço do policiamento. Ações de presença policial em pontos de grande circulação. Gabinete de gerenciamento de crises. Serviços de segurança pública em funcionamento normal garantido”, informa.

Privatização da Sabesp

Outros setores participam das mobilizações e tentam a adesão à greve. Por exemplo, o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado (Sintrajud) protocolou nesta segunda requerimento de suspensão de expediente nos tribunais para esta terça. “As atividades da mobilização prometem mais uma vez apresentar os principais riscos da privatização que sucateia e precariza serviços essenciais”, afirma a entidade.

“As iniciativas de Tarcísio não deixam dúvidas de que a situação é grave e são necessárias respostas à altura dos desafios. A toque de caixa o governador encaminhou o projeto de lei para privatizar a Sabesp, anunciou um corte de 5% no orçamento da Educação e o leilão da linha 7 da CPTM já está marcado para o dia 29”, completam os servidores.

Efetivo mínimo na paralisação

O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) concedeu liminares determinando manutenção de efetivo mínimo durante a paralisação. No caso do Metrô, o desembargador Marcelo Freire Gonçalves, vice-presidente judicial, decidiu que os trabalhadores devem manter 80% em atividade nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 60% nos demais períodos durante a greve. Ele fixou multa diária de R$ 700 mil em caso de descumprimento.

No caso da CPTM, o desembargador Fernando Alvaro Pinheiro determinou 85% do efetivo nos horários de pico (das 4h às 10h e das 16h às 21h) e também 60% nos demais, sob pena de multa diária de R$ 600 mil. Por fim, para a Sabesp, a desembargadora Ivete Ribeiro decidiu que deve ser mantido “70% do contingente ligado à prestação de serviços essenciais de saneamento básico, tratamento e abastecimento de água, bem como esgoto”. A multa foi fixada R$ 30 mil/dia.

O governo estadual e a prefeitura da capital decretaram ponto facultativo nesta terça-feira nos órgãos públicos da cidade. Além disso, o rodízio de carros foi suspenso.