Constituintes, gaúchos e pernambucano dividiram casa onde se vivia política

São Paulo – A participação institucional foi uma das consequências da reorganização do movimento sindical. A articulação que produziu a primeira Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), na Praia Grande, […]

São Paulo – A participação institucional foi uma das consequências da reorganização do movimento sindical. A articulação que produziu a primeira Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), na Praia Grande, litoral sul paulista, em agosto de 1981, prosseguiu mas teve de superar desconfianças. O metalúrgico Paulo Paim, por exemplo, tinha convicção de que seguiria carreira parlamentar. Teve quatro mandatos de deputado federal e hoje é senador. Deputado constituinte, em 1988, lembra de um episódio quando dividia apartamento com Luiz Inácio Lula da Silva e Olívio Dutra.

Paim vinha do sindicato de Canoas (RS). Lula ganhou projeção nacional como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema (posteriormente, a entidade tornou-se representativa do ABC) e líder popular. Dutra era do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e já era reconhecido no estado.

Série reconta 30 anos de sindicalismo

A partir desta sexta-feira (19) até a próxima terça-feira (23), a Rede Brasil Atual publica uma série de reportagens sobre a Conclat e seus efeitos sobre o sindicalismo brasileiro. A história do movimento de trabalhadores ficou marcada pelo momento, seguido da criação de centrais sindicais, seu reconhecimento recente, durante o governo Lula.

Leia também:

Atualmente senador pelo Rio Grande do Sul, Paim conta que disse aos companheiros que pretendia se manter no Parlamento. Já Dutra teria dito que iria para a prefeitura de Porto Alegre e, posteriormente, disputaria o governo do Rio Grande do Sul. Lula, por sua vez, garantia: “Vou ser presidente da República”.

Dutra diz que não se lembra de ter uma ideia tão fixa. “Tínhamos uma desconfiança muito grande da política tradicional. Eu não imaginava que pudesse ser prefeito de Porto Alegre, governador e depois ministro das Cidades. O Lula até se sentia desconfortável com a atividade parlamentar”, afirma. “Éramos poucos e tínhamos de participar de várias comissões, e ainda corríamos o país inteiro.”

Mas o apartamento dos três era praticamente um escritório político. “Aquele local era um ponto de discussão e tinha colchões por todo lado. Era sempre um burburinho”, lembra Dutra.

Segundo ele, o processo político ocorreu sem que eles se dessem conta. “Em 1982, tivemos de enfrentar a primeira eleição por exigência legal. Claro que isso iria exigir muito de nós, o que fizemos com muita disposição, muita gana. Vejo que o processo de formação da CUT, das centrais, já estava envolvido com essa disputa eleitoral pelo poder. E em como se daria a participação dos trabalhadores, que deveriam ser sujeitos e não objetos.”