Crime da “saidinha de banco” provoca 32 mortes em 2011

Pesquisa mostra que 49 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo agências bancárias em 2011, um aumento de 113% em relação ao ano anterior

São Paulo – 49 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos em 2011, um aumento de 113% em relação a 2010, quando foram registradas 23 mortes. Pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), feita com apoio do Dieese, mostra que a chamada “saidinha de banco”, quando a pessoa é assaltada ao deixar a agência, foi responsável por 32 óbitos.

“A gente entende que esse tipo de ato violento começa dentro das agências. Ninguém assalta um cliente sem saber que ele carrega algum volume de dinheiro”, diz Ademir Wiederkehr, diretor da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, que defende a instalação de dispositivos que garantam a privacidade dos clientes dentro das agências. Biombos entre os terminais eletrônicos e divisórias opacas entre os caixas são defendidos como soluções, além da colocação de detectores de metais antes da entrada no setor de autoatendimento.

O Dieese apurou que os cinco maiores bancos investiram apenas 5,2% dos lucros em segurança e vigilância, ou R$ 1,9 bilhão de um montante de R$ 37,9 bilhões. “Essas mortes comprovam o descaso e a escassez de investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes, bem como revelam a fragilidade da segurança pública diante da falta de policiais e viaturas nas ruas e ações de inteligência para evitar ações criminosas”, critica Wiederkehr. 

O maior número de mortes ocorreu em São Paulo, que apresentou também o maior aumento no nível de crimes fatais, de cinco em 2010 para 16 em 2011. O Rio de Janeiro, que passou de três para nove homicídios, ficou na segunda posição, seguido por Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, com quatro casos cada. Os clientes responderam pela maior parte dos casos, com 30 mortes, ao passo que oito vigilantes e seis policiais perderam as vidas. 

“Conquistamos uma nova cláusula na convenção coletiva nacional dos bancários em 2011, proibindo os bancos de utilizar funcionários para fazer transporte de valores”, conta o diretor da Contraf. “Várias instituições têm utilizado ilegalmente bancários, conforme revelam as multas aplicadas pela Polícia Federal.”