campanhas salariais

Bancário e metalúrgico têm sexta-feira decisiva em batalha por aumento real

Bancários têm quinta rodada de negociação com a Fenaban e esperam 'boa proposta'; FEM-CUT/SP alerta que máquinas podem se silenciar; duas categorias têm data-base em 1º de setembro

Reprodução/TVB

Bancários querem reajuste salarial de 16% (que corresponde à reposição da inflação mais 5,7% de aumento real)

São Paulo – Os bancários, com data-base em 1º de setembro, fazem a quinta rodada de negociação com a Fenaban, quando as instituições financeiras devem apresentar proposta à pauta de reivindicações para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Na quarta-feira (23), dia nacional de luta, eles fizeram atos em todo o país para mobilizar a categoria. “Essa manifestação é apenas um recado aos bancos de que a categoria está mobilizada. Ou seja, sem aumento real, não tem acordo”, avisou a presidente do sindicato de São Paulo, Juvandia Moreira.

A categoria quer reajuste salarial de 16% (que corresponde à reposição da inflação mais 5,7% de aumento real). Para a Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), a reivindicação é de três salários mais R$ 7.246,82 de parcela fixa adicional. Também ficou definido piso com base no salário mínimo do Dieese (R$ 3.299,66) e 14º salário. Pedem vale-alimentação e 13ª cesta de R$ 788 e vale-refeição de R$ 34,26 ao dia.

Querem a inclusão de artigo em que se reivindica a garantia dos empregos de todos os trabalhadores abrangidos pela CCT, durante a vigência, e a ratificação do Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas. Outro item importante é a determinação de no mínimo 15 funcionários por agência bancária, dos quais pelo menos dois caixas.

Além disso, cobram a redução da jornada de trabalho para cinco horas diárias e 25 horas semanais, com intervalo de 15 minutos para descanso. Também se condiciona a ampliação do período de atendimento bancário ao público à criação de outros turnos de trabalho. Também exigem proibição de funcionamento de agências, inclusive das de negócios, aos sábados, domingos e feriados.

Atos

Na capital paulista, foi atrasada até o meio-dia a abertura de agências de bancos públicos e privados da Praça Silvio Romero, na zona leste, Avenida Faria Lima, zona oeste, e do centro. O autoatendimento funcionou normalmente. Na Avenida Paulista, a mobilização foi com os 700 funcionários e centenas de terceirizados da Superintendência do Banco do Brasil.

“É muito bom que o sindicato venha até o local de trabalho conversar com os bancários. Mobilizar os trabalhadores. Temos que cobrar dos bancos que apresentem uma boa proposta”, afirmou um bancário da Caixa. “Os bancos podem dar aumento real. Mesmo com a crise, o setor continua lucrando bastante”, disse uma bancária do Itaú.

“A gente acredita que as coisas nunca vão acontecer com a gente, só pensamos em nós mesmos e ficamos esperando os outros irem para a rua lutar por nós, mas não é justo que os outros briguem por você e ficar acomodado”, apontou um dos trabalhadoresda agência do BB na Rua Sete de Abril.

Unanimidade entre os bancários é a preocupação com a pressão por metas: “Essa pressão é o que mais preocupa, estamos muito bravos de ver nas notícias a posição do banco, eles só nos cobram”, afirmou outro funcionário do BB.

Edu Guimarães/FEM-CUT
Luizão: "As fábricas poderão ouvir na próxima semana o silêncio das máquinas"

Metalúrgicos da CUT

Os 14 sindicatos metalúrgicos filiados à federação da categoria em São Paulo (FEM-CUT/SP) prometem intensificar as mobilizações no chão de fábrica a partir de hoje (25), caso as negociações salariais continuem emperradas. “As fábricas poderão ouvir na próxima semana o silêncio das máquinas”, avisou hoje o presidente da entidade, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão.

A categoria, cuja data-base é 1º de setembro, recebeu propostas salariais de três bancadas patronais: o Grupo 2 (máquinas e eletrônicos) ofereceu 7%, parcelado em duas vezes em setembro e fevereiro; a Estamparia, 8%, parcelado em setembro e fevereiro, com manutenção do teto salarial anterior, e o Grupo 3 (autopeças, forjaria e parafusos), 8% para salários até R$ 3 mil e 7% mais valor fixo de R$ 30 para salários de R$ 3.001 até R$ 7.600 e um valor fixo de R$ 562 para demais salários. As propostas ficaram abaixo do INPC acumulado entre setembro passado e agosto (9,88%).

Fundição, Grupo 8 (trefilação, laminação de metais ferrosos; refrigeração, equipamentos ferroviários, rodoviários entre outros) e Grupo 10 (lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação, material bélico entre outros) não apresentaram propostas.

Luizão disse que as propostas não atendem à reivindicação da categoria: reposição integral da inflação e aumento real, que é negociado em mesa. “Esperamos que as bancadas melhorem suas propostas de reajuste. Vamos aguardar esse novo posicionamento até sexta-feira. Se não tivermos avanços, responderemos com ações mais duras”, disse Luizão.

Segundo a FEM-CUT, o único setor patronal que se posicionou sobre a possibilidade de avançar em algumas cláusulas sociais foi o Grupo 2, que teria condicionado esses avanços à negociação da proposta econômica.