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Cresce adesão de bancários à greve nacional; patrões mantêm silêncio

Paralisação atinge 26 estados e o Distrito Federal, com 11.437 agências paradas, 83% a mais que no primeiro dia. Em São Paulo, assembleia decide rumo do movimento

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Estiveram fechadas nesta terça (13) 11.437 agências em 26 estados e o Distrito Federal

São Paulo – Os bancários entram nesta quarta-feira (14) no nono dia de greve. Ontem à noite, assembleia em São Paulo manteve a paralisação. A categoria, com data-base em 1º de setembro, manteve agências fechadas na base de São Paulo, Osasco e região contra a proposta da Fenaban (entidade patronal), que prevê reajuste salarial de 5,5% (ante inflação acumulada de 9,88%) e abono de R$ 2.500. A paralisação atinge 26 estados e o Distrito Federal, com 11.437 agências paradas, 83% a mais que no primeiro dia.

Balanço do sindicato de São Paulo mostra que 856 locais de trabalho, sendo cinco centros administrativos e 851 agências, fecharam ontem (13). O número de agências fechadas é 25,7% maior do que na sexta-feira (9). Estima-se que mais de 24 mil trabalhadores participaram das paralisações.

Os trabalhadores querem reajuste salarial de 16% (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real); participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 7.246,82; piso de R$ 3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último). Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 788 ao mês para cada (salário mínimo nacional); e melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.

Segundo o presidente da Contraf-CUT (confederação nacional da categoria), Roberto von der Osten, a ampla adesão dos bancários ao movimento deve-se “à falta de sensibilidade dos banqueiros, que mudaram a fórmula do reajuste que vem sendo colocada em prática nos últimos anos, que é de reposição integral da inflação mais ganho real”. “Insistem no erro, em uma proposta que trará arrocho aos salários e benefícios, isso os bancários não aceitam, por isso a mobilização cresce. E só cessará diante da apresentação de uma proposta que respeite a categoria, que contribui cotidianamente com seu trabalho para os excelentes resultados que os bancos vêm apresentando”, destacou.

Até o momento os banqueiros não se dispuseram a retomar as negociações: “Este silêncio denota falta de respeito para com os trabalhadores, faz aumentar o sentimento de indignação. Enquanto os banqueiros continuarem intransigentes, a greve continua” afirmou o dirigente.

“Os bancos estão sendo oportunistas e querem se aproveitar da crise para acabar com o modelo de aumento real”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira. “O momento não está difícil para os bancos, cujo lucro cresceu 27% nos seis primeiros meses do ano, para R$ 36 bilhões”, destacou.

“Se comparamos o lucro do setor financeiro na economia vemos que outros setores com ganhos bem menores ou perdas, no primeiro semestre, tiveram aumento real na maioria das negociações este ano. A rentabilidade do patrimônio líquido dos bancos segue entre as mais elevadas da economia brasileira. Negam reposição da inflação para os trabalhadores e reajustam seus altos executivos em até 81%”, disse Juvandia, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. “Em assembleia hoje, vamos fortalecer ainda mais a greve.”

Itaú

Na sexta-feira (9), a Justiça de Trabalho de São Paulo concedeu liminar proibindo o Itaú de alterar locais e horários de trabalho dos seus empregados, medida para impedir a participação na greve. O banco está impedido de praticar qualquer ato que possa malferir o direito de greve, previsto no Artigo 9 da Constituição, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.

Segundo a Contraf, a prática de contingenciamento é uma das estratégias comumente usada pelos bancos para burlar o direito legal dos trabalhadores de pressionar os patrões na mesa de negociação. Na semana passada, 400 bancários do Itaú foram encontrados no interior do Centro Administrativo Tatuapé (CAT), dormindo em colchonetes no chão, sofás e outros debruçados nas estações de trabalho. Também foram flagrados computadores ligados com aviso para não serem desligados. Desse modo, o funcionário pode acessá-lo de outro local e trabalhar remotamente.

Com informações do Sindicato dos Bancários de São Paulo