Decisões dos Correios sobre greve são ‘atabalhoadas’, diz presidente da CUT

Artur Henrique também criticou setor bancário, que não oferece reajuste salarial maior aos trabalhadores em campanha apesar dos lucros dos últimos anos

A paralisação nos Correios completou 23 dias, depois que os trabalhadores rejeitaram a proposta negociada no Tribunal Superior do Trabalho (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Guarulhos – O impasse nas negociações entre os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é resultado de uma postura “atabalhoada” do governo, na visão do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique. Durante a 13ª Plenária Nacional da CUT, em Guarulhos (SP), na região metropolitana da capital, ele também criticou o setor financeiro. Em greve, bancários e funcionários da ECT ainda aguardam uma contraproposta que permita acordos.

A paralisação nos Correios completou 23 dias, depois que os trabalhadores rejeitaram, em assembleias, a proposta negociada no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A dos bancários está no 10º dia de duração, sem negociação marcada com os bancos.

O secretário-geral da Fentect, federação dos trabalhadores do setor, José Rivaldo da Silva, informou nesta quinta-feira (6) que a entidade pediu nova reunião com a empresa. Mas o cenário mais provável, diante do impasse, ainda é o julgamento do dissídio coletivo no TST, na semana que vem. A rejeição da proposta nas assembleias ocorreu após divisão entre o comando de greve. “Só o tempo vai dizer quem estava certo”, disse Rivaldo.

“Primeiro que eu acho um absurdo ainda ter banqueiro neste país, seja ele de que banco for, público ou privado, que consiga ter a cara de pau de dizer que não tem condição de aumentar o salário nem dar uma proposta melhor”, disse Artur. “Nós estamos falando de um setor que teve bilhões de reais de lucro e vem batendo recordes e recordes de lucro nos últimos 10 anos”, completou o dirigente, que considera o setor bancário altamente “concentrador”. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu 8% de reajuste na data-base (1º de setembro), enquanto os representantes dos trabalhadores reivindicam 12,8%.

No caso dos Correios, segundo Artur, o problema central foi a decisão do governo de descontar os dias parados, conforme afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, logo nos primeiros dias de paralisação. “(O governo) tomou uma decisão totalmente fora do contexto, que é descontar os dias parados da greve sem negociar a questão”, criticou. Decisão da Justiça do Trabalho da região de Brasília determinou que o desconto do ponto dos grevistas fosse suspenso pela estatal até a conclusão das negociações ou do julgamento do dissídio.

Na avaliação do presidente da CUT, as decisões tomadas pelos dirigentes da empresa causaram rejeição e provocaram a continuação da greve. “Infelizmente, isso provoca uma reação dos trabalhadores”, lamentou. O ideal, para Artur, seria o diálogo sobre os dias e os reajustes. “Na nossa opinião, temos que ter a garantia que essas greves irão ter uma solução do ponto de vista da negociação, e os dias parados também têm que estar envolvidos”, concluiu o dirigente.

Colaborou Vitor Nuzzi