‘O Estado não deve ser um distribuidor de cachaça’, diz deputado

Jesus Rodrigues (PT-PI) apresentou projeto de lei que proíbe bebidas alcoólicas em eventos oficiais, além de vetar a compra desses produtos com dinheiro público

Jesus Rodrigues (PT-PI) quer proibir consumo de álcool em cerimônias oficiais (Foto: Leonardo Prado/Agência Senado)

São Paulo – Bebidas alcoólicas nas dependências dos governos municipais, estaduais e federal podem estar com os dias contados, se depender de um projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados. Segundo o autor da medida, o deputado Jesus Rodrigues (PT-PI), nem mesmo recepções e jantares poderiam ter bebidas oferecidas aos convidados. Isso porque, segundo ele, o Estado deve servir de exemplo para evitar o consumo de álcool.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, Rodrigues defende que a proibição deve ser estendida à compra desses produtos com dinheiro público. O autor da proposta explica que decidiu escrever o texto após fazer um debate entre dependentes químicos e alcoólatras. E que constatou que o álcool causa males, ainda mais por ser, segundo ele, uma droga lícita e com o consumo incentivado pela sociedade. “Espero que a sociedade comece a colocar o álcool no mesmo patamar que o cigarro. Para que também tenha sua publicidade mais restrita”, declarou.

O deputado sugere que, no lugar do álcool, as repartições públicas comecem a oferecer bebidas típicas em solenidades, como sucos de frutas de todas as regiões do Brasil. Questionado a respeito do valor cultural de bebidas típicas como a cachaça ou o drinque mais famoso que usa o destilado de cana-de-açúcar como ingrediente – a caipirinha –, Jesus Rodrigues defende que o Estado não adquira a bebida, nem para sua divulgação. “O Estado não deve ser um distribuidor de cachaça”, pontuou.

Diferentes governos brasileiros lutaram em organismos internacionais de patentes para registrar que o termo “cachaça” só pudesse ser aplicado ao destilado de cana produzido no Brasil. A medida foi alcançada na Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) em 2003, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do mesmo partido do deputado.

Jesus Rodrigues afirma gostar de bebidas como cerveja e vinho, mas bebe apenas socialmente. E explica: “Quando fui diretor do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Piauí, vivi a fase da implantação da lei seca e percebi o quanto a bebida era danosa à saúde e pude perceber a porcentagem de acidentes de trânsito que eram causados pelo consumo de álcool”, destaca.

 

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