Futuro e presente

Parlamento paulista debate impactos e futuros da inteligência artificial

Ética, transparência, legalidade. Impactos da Inteligência Artificial já são fatos e aumentarão nos próximos anos. Ciência corre para melhor compreensão

Pixabay
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São Paulo – A inteligência artificial ganha cada vez mais espaço em diferentes setores e os impactos já são sensíveis em áreas como mundo do trabalho, educação e justiça. A Universidade de São Paulo (USP) inaugurou a discussão no âmbito acadêmico na última semana propondo, inclusive, mudanças em estatutos da instituição. Agora, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) começa a discutir o tema, a partir desta segunda-feira (27), junto à Assembleia Legislativa de São Paulo.

Um dos grandes motores para a ampliação do debate neste início de ano é o ChatGPT. A ferramenta da empresa OpenAI simula, através de aprendizado de máquina, um ser humano. A fidelidade do discurso e o poder de acessar, virtualmente, todo o conhecimento humano disponível na internet chocou parte da sociedade e dos cientistas. A competência do ChatGPT, entretanto, não é exclusiva. Diferentes empresas trabalham em suas ferramentas próprias. É o caso da gigante Google, que lançou, de forma restrita, nesta semana, seu assistente de IA, o Bard.

ChatGPT, tecnologia e programadores. E o bicho-papão da automação

Falta de transparência

As implicações sociais de conversar e comandar uma inteligência artificial ainda são incertas. Mas é consenso na comunidade científica que esses impactos definirão os rumos da sociedade em setores como o de produção de conhecimento. Um dos pontos incertos, ainda, diz respeito a como o mundo jurídico abordará a questão, por exemplo de direitos autorais. De quem é exatamente a autoria de um texto de IA? Além disso, de quem será a responsabilidade por eventuais discursos de ódio, ou crimes contra a honra, provocados por usuários maliciosos?

É fato que as empresas afirmam trabalhar no impedimento de disseminação de conteúdos impróprios nas plataformas. Contudo, seus métodos e algorítmos não são transparentes. Como explica o professor Glauco Arbix, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), as ferramentas trabalham com encadeamento lógico de sentenças. Isto é, elas não necessariamente têm compromisso com valores éticos, ou mesmo com a verdade.

Inteligência Artificial em foco

O Parlamento paulista discutirá todos estes temas em uma série de debates do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação. Para isso, estarão reunidos nomes de peso da academia brasileira.

  • Dora Kaufman, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
  • João Paulo Papa, da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (FC-Unesp)
  • Marcelo Finger, do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP)
  • Frederico Bortolato, do Departamento de Inovação e Tecnologia da Informação da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)
  • Carlos Américo Pacheco, presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, será o moderador.

O primeiro assunto do debate será justamente conflitos éticos relativos ao uso da IA. A pesquisadora Dora Kaufman é uma das pioneiras do tema no país. Ela nota que a comunidade internacional está mobilizada e corre para entender riscos e regulamentações da IA. “A diferença do ChatGPT em relação aos modelos de IA preditiva é que a interface é fácil, simples e multifuncional. Por isso, é adotado em larga escala por usuários leigos de imediato”, explica.

Em um segundo bloco, mais debatedores discutirão os limites da tecnologia e suas relações com o aumento da disseminação de desinformação. Já o terceiro e último bloco da discussão falará sobre os futuros da IA. Novos negócios, extinção de empregos, alterações em produtos e serviços serão a temática.

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Com informações da Agência Fapesp