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‘Eles poderiam estar vivos’ retrata culpas de Bolsonaro por mortes na pandemia

“Desde o começo o governo não somente atuou em prol da disseminação da covid-19, como fez de tudo para atrapalhar”, afirma um dos realizadores do documentário que será lançado nesta quinta

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"É inadimissível em qualquer nível que você promova coisas que fazem o mal. Parece fictício"

São Paulo – Estreia nesta quinta-feira (22), às 20h30, no YouTube, o documentário Eles poderiam estar vivos, de Lucas e Gabriel Mesquita, obra que retrata com detalhes como a condução da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro foram tragicamente responsáveis pelo número de mortos pela covid-19 no Brasil. O lançamento do documentário teve também pré-estreias presenciais em três cidades: São Paulo (na PUC); Brasília (na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília) e em Vancouver (Canadá), na University of British Columbia.

A produção é parceria do Grupo Prerrogativas e da produtora Mangueio Filmes. Ao longo de 105 minutos, o descaso de Bolsonaro com a covid-19 é evidenciado. Alternando imagens in loco e entrevistas o filme esclarece didaticamente como o presidente agiu para que o país registrasse, apenas em números oficiais, cerca de 685 mil mortos pelo coronavírus, em menos de três anos.

Além de mostrar como Bolsonaro se colocou contra o distanciamento social e disseminou uma série de mentiras sobre as vacinas e a pandemia, o filme mostra também aborda resultados das investigações da CPI da Covid. Entre eles, a prevaricação e a corrupção na compra de vacinas e a obsessão por promover remédios sem eficácia, como a cloroquina e a ivermectina.

Cada um por si

A RBA conversou com o jornalista e roteirista Tarik El Zein, que fez a pesquisa para a construção narrativa da obra. Ele relatou que “o documentário organiza, de forma bastante explícita, uma ideia que já estava presente no imaginário da grande maioria das pessoas que acompanharam a condução criminosa do governo federal na pandemia. Desde o começo o governo não somente atuou em prol da disseminação da covid-19 no Brasil, como fez de tudo para atrapalhar toda e qualquer resposta que tentasse minimizar os seus impactos”.

Tárik argumenta que Bolsonaro abandonou os brasileiros a uma situação de “cada um por si”. “A gente escancara essa condução criminosa, seja por meio dos atos governamentais ou do uso das fake news por exemplo. Isso é confrontado com as ações comunitárias e independentes, realizadas pela própria população, em prol da proteção, do cuidado e da sobrevivência, na base do nós por nós, ja que essas pessoas nao poderiam contar o governo federal, fica bastante claro quem estava de que lado”, relata.

Conflito de sentimentos

Médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, jornalistas e tantas outras profissões conviveram de perto com a realidade da pandemia e da condução das políticas por Bolsonaro. Tárik relata que foi motivado pela importância, mas que não deixou de sentir um misto de revolta e tristeza durante seu trabalho. “É muito triste lidar com a história de muitas vidas que não precisavam ser tão breves. Ao mesmo tempo, o que impulsiona é a necessidade de defender essa memória e trazer isso para o presente. Precisamos responsabilizar os culpados por essa tragédia. É, ao mesmo tempo, muito triste e também necessário”, afirma

Sem vacina

“O presidente da República fez propaganda do não uso da máscara, tirou máscara do rosto de crianças, promoveu aglomerações com todo mundo sem máscaras, dando a entender, em seu dialeto, que era falta de coragem usar máscaras. É covardia se proteger contra uma doença (…) É o único presidente das grandes sociedades democráticas globais que ainda não se vacinou”, afirma a narração do documentário.

Entre os depoentes está a médica Luana Araújo, que foi prestou depoimento à CPI da Covid, onde evidenciou as ações nefastas de Bolsonaro. “É inadimissível em qualquer nível que você promova coisas que fazem o mal. Parece fictício”, afirma. Outro depoente, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, classifica a situação como muito grave, sobretudo sobre a blindagem da Procuradoria-Geral da República, que pediu arquivamento das apurações da CPI. “Todas as questões que sofremos sobre absolutas irresponsabilidades, atos criminosos que podem ser responsabilidade do Bolsonaro poderão ficar impunes.”

Assista ao trailer


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