Alerta solar

Ápice da atividade solar pode provocar apagões em 2024?

O Sol está em um período de pico de atividade em seu ciclo de 11 anos. Uma tempestade solar no caminho da Terra pode provocar estragos

Pixabay/CC
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O grande risco é de um apagão nas estruturas de comunicação. Isso porque boa parte destas tecnologias dependem de satélites, que estão fora da proteção da atmosfera

São Paulo – O sol possui um ciclo de 11 anos. Não existe uma explicação científica exata sobre as razões. Mas o fato, reconhecido a partir de séculos de observação, revela que a cada 11 anos a estrela fonte da vida na Terra passa por picos de atividade. Em 2024, o Sistema Solar vive um novo ápice de seu astro central. Na prática, isso significa um aumento significativo de eventos como a Ejeção de Massa Coronária (EMC) e a Erupção Solar. Estes eventos podem surtir grandes efeitos para as sociedades humanas.

Em particular, o grande risco é de um apagão nas estruturas de comunicação. Isso porque boa parte destas tecnologias dependem de satélites, que estão fora da proteção da atmosfera. Uma eventual EMC poderia inutilizar satélites, colocando em xeque tudo que depende destes instrumentos. Entre eles, está o GPS. Na prática, sem GPS, sequer aviões traçam rotas seguras. Entretanto, existe um certo alarde circulando nas redes sobre o tema. Não há certeza de que um evento de EMC atingirá a Terra. Aliás, é pouco provável.

Evento solar

Existe uma série de fatores que precisam coincidir para que um evento deste aconteça. Isso porque a Terra precisa estar em uma região certeira, na mira de uma explosão solar. Vale lembrar que o planeta em que vivem os humanos está a pouco mais de 148 milhões de quilômetros de sua estrela em uma órbitra elíptica estável. Contudo, há sinais de que existem manchas solares possivelmente na direção do percurso da Terra. Estas manchas indicam possíveis tempestades solares futuras.

Para aprofundar no tema, apresentar riscos e tranquilizar o espectador, a TVT exibe amanhã (3), às 13h30, o programa especial Brasil com Ciência. “Visitamos o centro brasileiro de pesquisas de clima espacial, o Embrace do INPE, para saber sobre os riscos de tempestades solares causarem uma pane nos sistemas de comunicação”, informa a produção.

Difícil, não impossível

Embora muitos fatores precisem de uma conjugação precisa para que os efeitos aconteçam, não é impossível. Inclusive, já aconteceu. No dia 1º de setembro de 1859, uma explosão solar de grande intensidade atingiu a Terra. Na ocasião, uma coluna de plasma maior que a Terra foi expelida do Sol em grande velocidade. Após 17 horas, essas partículas solares chegaram à Terra, provocando auroras austrais e boreais nunca vistas. Há registros de que até mesmo em São Paulo, que fica exatamente no Trópico de Capricórnio, pôde-se observar o evento.

Vale lembrar que as auroras são frutos da atividade solar, bloqueadas pela camada eletrônica terrestre, que funciona como um “escudo”. Justamente essa estrutura aliada à atmosfera em suas diferentes camadas protegem (e protegerão) a vida como conhecemos dos perigos da radiação solar. Contudo, os satélites podem não ter a mesma sorte. Os efeitos também poderiam ser notáveis em estruturas elétricas dentro do planeta, o que pode significar ainda mais caos.

“As partículas carregadas do Sol foram canalizadas pelo campo magnético da Terra, que mudava a todo momento como resposta. No chão, essas mudanças induziam correntes elétricas em qualquer coisa que poderia conduzir elétrons”, explica o divulgador científico Pedro Loos, do canal Ciência Todo Dia. “Na época, a humanidade estava na infância da eletricidade, mas podemos ter ideia dos impactos observando operadores de telégrafos”, disse. Ele lembra, então, de um caso na linha que ligava Boston a Portland (EUA). Eles ficaram por minutos atuando sem ligar os aparelhos na tomada. “As comunicações continuaram por duas horas sem baterias”, relata.

No pior dos cenários, essa dispersão energética pelo planeta poderia provocar um colapso nas estruturas elétricas, incluindo chips e até mesmo sistemas de abastecimento de energia. “O evento daquele ano ficou conhecido como Evento Carrington. Se ela acontecesse novamente hoje em dia, muitos pesquisadores concordam que toda estrutura tecnológica acabaria”, completa Loos. Então, apesar de afirmar que é impossível prever com exatidão se um evento destes pode acontecer neste ano, ele lembra que vale estar atento.

Assista o programa da TVT pelo canal 44.1 ou no YouTube: