Editorial

É momento de ouvir e reagir

Danilo Ramos/RBA Ato de 13 de março na Paulista: a favor de investigações, mas sem retrocesso político Na edição do mês passado, era dito neste espaço que o governo ajudaria se […]

Danilo Ramos/RBA

Ato de 13 de março na Paulista: a favor de investigações, mas sem retrocesso político

Na edição do mês passado, era dito neste espaço que o governo ajudaria se convencesse os movimentos sociais de sua disposição de cumprir o programa vitorioso nas eleições de outubro de 2014. Os últimos meses passaram com a velocidade de minutos, o Planalto sofreu um rápido desgaste, e aos protestos legítimos das ruas se somaram os oportunistas de plantão, ainda sem aceitar o resultado das urnas e tentando virar o jogo no tapetão.

É óbvio que existe uma crise, política e econômica. E que levará tempo para mudar esse cenário. Reconhecer os erros e o momento ruim é o primeiro passo. Buscar saídas é o segundo. Para isso, como sempre se insistiu, é preciso que o governo abra a janela e escute o que está se falando nas ruas. O que se fala entre murmúrios insatisfeitos, no dia a dia, e aos gritos, em manifestações.

Também é preciso ter clareza de que no meio dos protestos – justos, repita-se – há falsos interessados nos problemas da sociedade. Duvidosos defensores da democracia. E antigos governantes dando receitas que eles mesmos não aplicaram e criticando situações que eles próprios vivenciaram.

No final do março, mesmo com turbulências nas relações entre governo e Congresso, apareceram sinais de que o país pode começar a dar alguns passos no sentido de superar as dificuldades. Aumentaram as conversas, as interlocuções, uma agenda se esboça. Ao mesmo tempo em que a equipe econômica reafirma que o ajuste fiscal é necessário, o Executivo parece escutar mais o chamado setor produtivo, empresários e trabalhadores. É preciso discutir o que fazer para retomar o crescimento.

Falta muito. Há de se enfrentar campos minados representados pelos arautos da catástrofe, inclusive na mídia. Que a Justiça puna os comprovadamente envolvidos em escândalos. Mas, sobretudo, o governo precisa reagir, admitir que errou, absorver as críticas, mostrar convicção, recuperar o ambiente de confiança e ouvir. Também é óbvio, mas às vezes se esquece que a conta tem de ser paga por quem pode pagar.