Em boas mãos

Rita Serrano, presidenta da Caixa, aponta crescimento do banco público sob sua gestão

Em entrevista a jornalistas da imprensa alternativa, ela falou sobre o papel do banco na reconstrução do Brasil

Elaine Menke/Câmara do Deputados
Elaine Menke/Câmara do Deputados
"Em nove meses, a Caixa voltou a ser protagonista no desenvolvimento. Estamos batendo recordes sem parar"

São Paulo – A presidenta da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, concedeu entrevista na tarde desta quarta-feira (4) para jornalistas das mídias alternativas, a convite do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Em pauta, as diretrizes do governo Luiz Inácio Lula da Silva para o banco público. Trata-se de um processo de reconstrução, reestruturação e valorização da instituição que, como outras estatais, sofreram nas mãos do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL).

O coordenador do Barão de Itararé, Carlos Tibúrcio, mediou o encontro. Participaram da roda Luis Nassif (Jornal GGN), Renato Rovai (Revista Fórum), Dhayane Santos (Brasil 247), César Locatelli (Fórum 21), Conceição Lemes (Viomundo), Paulo Salvador (TVT) e Heloísa Villela (ICL Notícias).

Funcionária de carreira da Caixa, Rita Serrano ingressou na instituição em 1989. Ex-presidenta do Sindicato dos Bancários do ABC, atuou no Conselho Administrativo do banco por três mandatos. Ela é autora dos livros O desenvolvimento socioeconômico de Rio Grande da Serra (2007), Caixa, banco dos brasileiros (2018) e Rompendo barreiras (2022). Também é coautora da publicação Caixa: empresa a serviço do sonho dos brasileiros (2018).

Luta pelo cargo

Apesar do currículo, Rita Serrano se viu alvo de especulações da imprensa comercial nos últimos meses. Isso porque o grupo político de Centrão supostamente pressionava o governo pelo controle da estatal, em troca de apoio para aprovação de matérias relevantes no Parlamento, como a reforma tributária. Contudo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bateu o pé e garantiu o cargo dela à frente da empresa.

A jornalista Heloísa Vilela disse ver com temor essa possibilidade. “Os números atuais da Caixa mostram a relevância para a sociedade brasileira. Não só com programas sociais, mas carteiras que geram empregos. É essencial. No último governo, vimos que nem sempre a instituição consegue se defender de políticas predatórias com apoio de um Congresso não favorável às políticas de Lula.” “Desde janeiro, a única orientação que Lula me deu foi de trabalhar”, respondeu Rita. Muito embora existam notícias nos jornais e especulações, minha orientação se mantém”, acrescentou.

Paulo Salvador, por sua vez, também tocou no tema. “Deixo minha solidariedade, abraço fraternal e solidário a você em função de todo o noticiário que veio em questão da composição de sustentação do governo Lula”, disse. “A pretensão do PP (do Centrão) em relação à Caixa, afirmação minha, tem muito mais a ver com proteger o passado, como você cita de assédio sexual, crimes e operações, para além do uso fisiológico. Essa é minha convicção, embora tenho consciência da necessidade de alianças”, completou.

Papel social da Caixa

O coordenador da TVT lembrou que trabalhou no antigo Banespa, banco público paulista privatizado durante governos tucanos, em 2000. “Transformar bancos públicos em gestão eficiente, longe de negócios políticos, é um sonho que temos que realizar nas empresas públicas. (…) O ministro Wellington Dias (do Desenvolvimento Social) afirma que boa parte dos 33 programas sociais do governo passam pela Caixa. Gostaria que você falasse do papel social da Caixa que vai muito além da função dos bancos lucrativos”, disse, para convidar Rita Serrano à reflexão.

A presidenta, então, reforçou a visão. “A Caixa é um banco gigantesco. Quando falamos de programas sociais, só do Bolsa Família passam de 21 milhões de brasileiros beneficiários. Se formos além, a Caixa, olha esse número, atingiu uma carteira de 700 bilhões de reais em crédito imobiliário. Tive um estalo sobre isso. A Caixa só deve perder para algum banco chinês. Olha o tamanho do impacto do banco. Financiamento habitacional da Caixa só é menor do que o ICBC Bank da China. Mas se compararmos o PIB da China e do Brasil, proporcionalmente a carteira da Caixa é 1,5 vez maior do que o banco chinês”, destacou.

“Então, quando falamos em papel social, além dos benefícios, além da Caixa ser gerenciadora dos programas sociais, a Caixa gera empregos a partir dos financiamentos que faz. A retomada da Caixa no desenvolvimento do país está intrinsecamente ligada ao fato de que temos um governo com projeto de Estado. Então, a Caixa é um banco do Estado relacionado ao país. Em nove meses, a Caixa voltou a ser protagonista no desenvolvimento. Estamos batendo recordes sem parar: em infraestrutura, desenvolvimento social, investimento em agricultura, habitação. Falamos em nove meses”, completou.

Presença nacional da Caixa

Ainda na questão da vocação pública, Nassif lembrou que a Caixa e o Banco do Brasil possuem agências em todo o Brasil. “Capilarizado, tem conhecimento da realidade de cada cidade. Então, um dos grandes desafios do Brasil é organizar os pequenos. Pequenos empresários, agricultores, comerciários, industriais, movimentos como MST, cooperativas. O que a Caixa pensa em articulação nacional sobre esse tema?”, questionou.

Rita Serrano, então, ressaltou que a Caixa está ampliando a relação com esse público. “Inclusive, neste último período, fizemos acordo com a Confederação Nacional das Associações de Pequenas e Micro Empresas para oferecer linhas de crédito especiais. A carteira está crescendo, chegamos a quase 300 milhões de abril até agora nessa carteira para micro empreendedores e pequenas empresas. Temos acordo com a Associação das Entidades de Microcrédito e Finanças, que fará diferente da gestão anterior. Agora terá orientação, microcrédito direcionado através de entidades que vão ao empreendedor e orientam para o negócio. Estamos crescendo e qualificando o microcrédito, que também envolve as cooperativas”, citou.

Assista à entrevista na íntegra


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