Datafolha

Prioridade de Tarcísio, privatização da Sabesp é rejeitada por maioria dos paulistas, aponta Datafolha

Há 100 dias no governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas quer fazer das privatizações de empresas públicas marca de sua gestão. Paulistas também são contra venda do Porto de Santos e da CPTM

Marco Galvão/Alesp
Marco Galvão/Alesp
Tarcísio de Freitas considera suficiente pouco mais de 300 profissionais para todas as escola do estado

São Paulo – Principal promessa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) é rejeitada pela maioria dos moradores do estado. De acordo com pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda-feira (10), 53% dos paulistas afirmam ser contrários à transferência da empresa a grupos privados. Outros 40% se declararam favoráveis e 1% indiferentes, enquanto 6% responderam não saber. 

Ato no centro de São Paulo marca início da resistência contra a privatização da Sabesp

O levantamento, feito dos dias 3 a 5 em 65 municípios, ouviu 1.806 pessoas acima de 16 anos. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha também mostra que a oposição à privatização da Sabesp supera a posição favorável em todos os recortes. Ou seja, de gênero, idade e escolaridade e renda. Apenas entre entrevistados de 35 e 44 anos a posição fica empatada, com 48% contra e 48% a favor. 

A venda da estatal, responsável pelo tratamento de esgoto e fornecimento de água potável, está no radar desde a campanha de Tarcísio. Durante estes 100 primeiros dias de governo, completados nesta segunda, a intensão foi diversas vezes citada pelo governador. Tarcísio quer que a privatização saia até o final de 2024. Na semana passada, o republicano declarou ainda que um contrato com o Banco Mundial para a estruturação do projeto seria assinado nos próximos dias e que os estudos sobre o projeto seriam liberados ainda no primeiro semestre deste ano. 

Paulistas rejeitam desestatizações

Tarcísio também mencionou a medida durante o leilão do trecho norte do Rodoanel, em março, que também marcou o início da gestão pelo “surto de masculinidade” do governador. Na ocasião, ao comemorar a concessão vencida pela Via Appia, o governador abusou das marteladas, a ponto de derrubar parte do logo da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, onde ocorreu o evento. Ex-ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro, Tarcísio já afirmou que quer fazer das privatizações de companhias públicas uma das marcas de sua gestão. 

Proposta de Tarcísio de privatizar a Sabesp contraria tendência mundial do setor de água

Pelo menos 15 projetos de desestatização estão previstos, segundo a administração estadual. No caso da Sabesp, a privatização vai na contramão de tendência mundial, que está reestatizando os serviços integrados de água. Além disso, a pesquisa Datafolha também mostra que os paulistas se dividem sobre a venda do Porto de Santos, por exemplo, outro projeto do governador. Até 43% dos moradores do estado são a favor, mas 45% são contra. Assim como a privatização de linhas de trem. 

Segundo o estudo, 45% são favoráveis, enquanto 47% se opõem. O cenário é também dividido em relação às linhas de metrô: 48% a favor, ante 47% contrários. 

Cem dias de Tarcísio

Em seus primeiros meses à frente do governo, Tarcísio também está sendo questionado na área de segurança pública. Já no primeiro bimestre deste ano, o estado teve aumento de 25% nas mortes cometidas por policiais, na comparação com 2022.

Ainda no ano passado, o governador indicou para a chefia da Segurança Pública o ex-integrante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), setor da PM considerado mais letal, Guilherme Derrite para o cargo. Antes de assumir o cargo, o secretário chegou a declarar que um “policial bom” teria que ter pelo menos três homicídios no currículo. 

Com Derrite, Tarcísio também vem tratando do aumento da violência nas escolas como um assunto de polícia, ao sugerir a inclusão de policiais militares dentro das unidades de ensino. O secretário apresentou a medida após o atentado em escola estadual na Vila Sônia, zona oeste da cidade de São Paulo, que matou a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos. A proposta é repudiada por especialistas na área, que defendem a promoção de uma cultura para a paz. 

Tarcísio fecha Bom Prato no centro de São Paulo e reduz oferta de refeições

Na área social, também pesam críticas contra o novo governo. Conforme reportou a RBA, o republicano fechou o restaurante Bom Prato de Campos Elíseos, na região central de São Paulo, que atendia principalmente a população em situação de rua, que vem crescendo no estado e sobretudo na capital. Como motivo para o fechamento do restaurante, o governo de São Paulo alegou que o imóvel não oferecia mais condições de uso.