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Privatização da água é destaque do primeiro bloco de debate entre Haddad e Tarcísio

Candidatos têm uma última oportunidade de apresentar propostas para governar São Paulo. Fernando Haddad (PT) atacou seu adversário, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), por querer vender a Sabesp

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"O mundo está estatizando a água. Está dando tudo errado. O mundo percebeu que a água é essencial", disse Haddad

São Paulo – No início do último debate antes da eleição para o governo de São Paulo, na noite desta quinta-feira (27), o candidato Fernando Haddad (PT) atacou a anunciada intenção do seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de privatizar a Sabesp, a empresa estatal paulista de saneamento. O candidato bolsonarista disse que vai “estudar” a possível venda da empresa de água e esgoto, e só vai prosseguir se for atrair investimentos e reduzir o valor da tarifa. Haddad rebateu. “Você vendeu a Cedae no Rio de Janeiro. Você sabe que o preço da água aumentou. O mundo está estatizando a água. Está dando tudo errado. O mundo percebeu que a água é essencial”.

Durante o primeiro bloco, duas questões nacionais aparecem no debate: o congelamento do salário mínimo e o descaso do governo Bolsonaro durante a pandemia. Tarcísio classificou como fake news a alegação de que ele teria responsabilidade no atraso do envio de oxigênio em Manaus. E defendeu a opção do governo de enviar o insumo através de uma estrada de terra pelo interior da Floresta Amazônica.

“E a decisão do Bolsonaro de não disponibilizar avião? Só tem barco e caminhão para levar oxigênio em Manaus? Você foi conivente com a decisão do Bolsonaro”, disparou Haddad. Tarcísio alegou que a quantidade de oxigênio enviada não permitia utilizar aeronaves.

“O que o Tarcísio está dizendo é que só dava para levar por terra ou por água. E não é verdade. Pergunte a um especialista. E está em sigilo a decisão do Bolsonaro. Bolsonaro tomou muitas decisões erradas na pandemia, ele prejudicou esse país. Prejudicou o moral do país, a imagem do país. E nós aqui em São Paulo não vamos admitir jamais esse tipo de prática”.

Salário mínimo

Tarcísio saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro, afirmando que o presidente vai aumentar o salário mínimo acima da inflação, coisa que não fez nos últimos quatro anos. “É mentira que o Bolsonaro deu um real de aumento do salário mínimo”, disse Haddad. “Em quatro anos, não deu nada de aumento real. A inflação comendo solta, os alimentos com os preços explodindo. Ninguém consegue fazer mercado nesse país. E você vem dizer que é mentira, que ele deu aumento real? Aonde? Em que planeta você vive?”.

Vacina

Outro polêmica se deu em função da obrigatoriedade da vacinação de crianças. Haddad defendeu a medida, que aliás é uma das condicionantes para o recebimento de benefícios em programas de transferência de renda. Tarcísio disse que vai apoiar a vacinação no estado, mas não pretende obrigar os pais a vacinarem seus filhos.

“A cadernetinha de vacinação do seu filho, levar na escola para matricular a criança, isso é uma coisa usual, que tem há décadas”, disse Haddad. Agora o Tarcísio propõe acabar, porque o pai cuida. Não é a escola contra o pai. É a escola de mãos dadas com a família”, afirmou o candidato.

Produção de alimentos

Tarcísio ainda questionou Haddad sobre qual seria a sua relação com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O ex-prefeito de São Paulo defendeu incentivos ao agronegócio, mas também afirmou que as terras improdutivas devem ser destinadas à produção de alimentos. “Temos que aumentar a produção de alimentos. A merenda hoje é bolacha, ou biscoito como vocês gostam de dizer”.

Aumento da pobreza abre segundo bloco

Durante o segundo bloco do debate, os candidatos responderam a perguntas com temas pré-determinados pela equipe de jornalismo da Globo. Tarcísio iniciou questionando Haddad sobre o aumento das pessoas em situação de rua no estado e no país. O petista defendeu um conjunto de medidas para tratar a situação. “Procurei a pastoral do povo de rua para desenhar o atendimento a essa população. Vamos desenhar oportunidades”.

“Temos, estimadas, 40 mil pessoas em situação de rua na capital. Com um perfil diferente de anos atrás. No meu tempo de prefeito eram 15 mil e abrigavamos 12 mil. Algumas famílias vão receber auxílio aluguel. Outras Renda Básica. Vamos abrir frentes de trabalho. Para aqueles que têm dependência química, vamos pedir para um médico fazer um laudo e internar essa pessoa. Muitas não precisam disso, precisam de teto e trabalho”, completou.
Tarcísio rebateu ao afirmar que aumentaram as ocupações no estado.

Haddad ironizou: “Você vai votar no Lula então. Porque precisamos voltar com o Minha Casa Minha Vida. Vocês acabaram com o maior programa habitacional da história desse país”.

Falta de médicos

O tema seguinte debatido entre os candidatos foi a falta de médicos. Haddad afirmou que “existe uma grande falta de médicos, sobretudo especialistas” e questionou as propostas de Tarcísio. O bolsonarista disse que “em regiões temos mais médicos do que o recomendado”. Ele defendeu que o problema consiste em distribuir esses profissionais e aumentar salários. 

Haddad lembrou que para valorizar os médicos é preciso modificar a política federal. “Meu adversário fantasia soluções. Pegue o orçamento do SUS. Tabela SUS congelada há quatro anos. As Santas Casas têm dificuldade financeira por isso. Hospitais Gerais. Ano que vem, vocês cortaram 42% do orçamento da Saúde. Com que dinheiro o sistema de Saúde vai contratar? É dinheiro municipal, estadual e federal.”


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