Golpistas

PF: sob Bolsonaro, ‘Abin paralela’ produziu relatório com fake news

Documento com viés político que pode ser parte dos planos para um golpe de Estado de Bolsonaro teve produção da Abin, revela a Polícia Federal

Valter Campanato/Agência Brasil
Valter Campanato/Agência Brasil
Mensagens da Abin sob comando de Ramagem revelam a produção de um relatório informal sobre notícias falsas que atacavam as urnas eletrônicas

São Paulo – Mensagens entre oficiais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vieram à tona hoje (1), como revela o jornal O Globo. Elas revelam a produção de um relatório informal sobre notícias falsas que atacavam as urnas eletrônicas. As tratativas seriam parte de um conjunto de ações da cúpula bolsonarista para tentar um golpe de Estado. Segundo as mensagens, a iniciativa teria partido do então chefe da Abin, Alexandre Ramagem. Deputado federal pelo PL, Ramagem é pessoa de confiança do clã Bolsonaro.

As postagens falsas foram amplamente disseminadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em julho de 2020. Elas envolviam a empresa Positivo Tecnologia, vencedora de uma licitação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fornecer novas urnas eletrônicas. As especulações, sem fundamentos, relacionavam um dos fundadores da Positivo, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e uma empresa chinesa, além de insinuar ligações com o Partido dos Trabalhadores (PT).

Fábrica de mentiras na Abin

A atuação da Abin, conforme revelado, ocorria à margem dos protocolos oficiais, utilizando-se do programa espião FirstMile para acessos informais e até mesmo pedidos de consultas via WhatsApp, violando as regras internas do órgão.

Apesar da falta de embasamento nas informações falsas, agentes da Abin se mobilizaram para produzir um relatório sobre a Positivo e o senador Oriovisto. Em uma das mensagens, um oficial de inteligência encaminha um post enviado pelo diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, para análise da situação da empresa e a possibilidade de interferência.

Entretanto, as informações levantadas pelos oficiais não corroboraram as teorias bolsonaristas, limitando-se a dados públicos sobre o tema. No breve relatório enviado pelo WhatsApp, descrevem o senador Oriovisto como integrante de um partido atualmente de centro-direita, com origens no movimento trabalhista.

Para a Polícia Federal, que investiga o caso, a ação evidencia a realização de atividades de inteligência sem motivações claras. Além disso, revelam um viés político que contraria os fins institucionais da Abin.


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