‘Pai da soja’, Argino Bedin deve ser ouvido na CPMI dos atos golpistas nesta terça

Empresário figura na lista de investigados como possível financiador do ataque a Brasília. Na reta final, CPMI vem sendo encarada com cada vez menos interesse pelos próprios membros

Reprodução/Arquivo/PR
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Conhecido no Mato Grosso como "pai da soja", latifundiário é sócio de pelo menos nove empresas, que teve as contas bloqueadas por decisão do STF

São Paulo – O empresário Argino Bedin, conhecido como “pai da soja” deve ser ouvido na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) nesta terça-feira (3). Com o depoimento, marcado para as 9h, ele deverá ser o 20º a ter de explicar possível envolvimento com os ataques golpistas de bolsonaristas aos edifícios-sede dos Três Poderes no dia 8 de janeiro em Brasília.

Bedin figura na lista de investigados como possível financiador dos atos antidemocráticos. Empresário do Mato Grosso, o “pai da soja” é sócio de pelo menos nove empresas. Já teve contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na reta final, a CPMI vem sendo encarada com cada vez menos interesse pelos próprios membros, governistas ou de oposição. Tanto que o depoimento de Alan Diego dos Santos, preso por tentar explodir um caminhão-tanque perto do Aeroporto de Brasília, que seria na última quinta-feira (28), foi desmarcado por falta de quórum.

CPMI ouviu vários aliados de Bolsonaro

Antes de Bedin, a CPMI já ouviu oficiais das Forças Armadas, entre eles o “faz-tudo” de Jair Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, e o coronel Jean Lawand Junior. Passaram pela comissão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, um dos mais próximos do círculo do ex-presidente, e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno, confidente de Bolsonaro.

Outros depoentes foram integrantes das polícias Militar e Civil do Distrito Federal, e o chefe da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. No rol dos já interrogados estão ainda George Washington de Oliveira Sousa, um dos condenados por planejar a explosão no aeroporto, e o hacker Walter Delgatti Neto, autor de relatório das Forças Armadas apontando desconfiança nas urnas eletrônicas. Ele foi contratado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e levado a reunião com Bolsonaro.

Relatório final da CPMI

O prazo final de funcionamento da CPMI é 20 de novembro, mas o presidente da comissão, deputado federal Arthur Maia (União-BA), e a relatora Eliziane Gama (PSD-MG) pretendem apresentar o relatório em 17 de outubro.

Eliziane diz que um novo depoimento de Mauro Cid não está descartado e que ela ainda quer ouvir os últimos comandantes militares da gestão de Bolsonaro, mas essas oitivas hoje são improváveis. “Esses comandantes foram citados na delação premiada do Mauro Cid sobre uma possível reunião que se deu no dia 24 de novembro com o então presidente da República. Foi uma reunião grave, que teria planejado uma ação golpista.”


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