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Ontem caso Abin, hoje ofensa a Andrei Rodrigues: a PF na agenda de Carlos Bolsonaro

Depoimento atende a intimação feita antes das investigações sobre a “Abin Paralela” e referente a uma postagem do vereador e filho de Jair Bolsonaro, em agosto do ano passado, tida como ofensiva ao diretor-geral da PF

Câmara Municipal do Rio de Janeiro/Divulgação
Câmara Municipal do Rio de Janeiro/Divulgação
Carluxo também teria sido aconselhado pelo pai a submergir em meio a investigação da Abin paralela

São Paulo – O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) prestou depoimento na Superintendência da Polícia Federal no Rio Janeiro na manhã desta terça-feira (30). O parlamentar chegou ao local em um carro com janelas cobertas por películas às 9h50 e, menos de uma hora depois, às 10h45, deixou a sede no mesmo veiculo. Embora alvo de operação ontem da PF que investiga esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência, a chamada “Abin paralela”, ele depôs hoje sobre postagem realizada em suas redes sociais em agosto de 2023.

A mensagem foi considerada uma ofensa ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Nela, o “filho 02” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) republica um post do perfil “Dama de Ferro” que que traz imagens de alusões ao próprio pai morto em forma de sátira para acusar a PF de suposta inação. A publicação ironiza na legenda a ocorrência de “zero busca e apreensão, zero inquérito, zero perfis bloqueados, zero reportagem em repúdio, pessoas presas: zero”.

O post ainda tem como título a frase “tudo pela manutenção da democracia”. E é recompartilhado pelo vereador com a legenda “O seu guarda diretor aqui enxerga com outros olhos!”. O depoimento sobre o caso estava marcada desde antes da operação desta segunda, que investiga se Carlos Bolsonaro foi um dos beneficiados pelas informações obtidas de forma ilegal. Ambos inquéritos correm em segredo de Justiça.

Conselhos do pai

Ainda ontem, pelo menos três notebooks, 11 computadores e quatro celulares foram apreendidos em endereços ligados ao parlamentar. Porém, não há expectativas de que tenha prestado depoimento sobre o caso. De acordo com informações do blog do jornalista Ricardo Noblat, no portal Metrópoles, “Carluxo” teria sido aconselhado pelo pai a submergir em meio a investigação da Abin paralela. Assim como não se encontrar ou manter contato com outros investigados a pedido da defesa, que espera receber os autos do processo.

Em entrevista à CNN Brasil, o ex-presidente alegou “desconhecer” qualquer pedido ilegal de informações por parte de seus filhos para Alexandre Ramagem. Um print anexado à investigação mostra, no entanto, a assessora parlamentar de seu filho, Luciana Almeida, conversando com Ramagem. Na mensagem, a auxiliar pede “ajuda relacionada ao inquérito policial federal em andamento em unidades sensíveis da Polícia Federal”.

As provas foram relativizadas por Bolsonaro que, em entrevista à Jovem Pan, disse não ver problema no pedido. “Eu pergunto: qual o problema ter acesso a número dos inquéritos? Não vejo problema. Se eu tiver problema na PF, vou me consultar com o Ramagem também, que eu virei amigo dele”, admitiu o ex-presidente.

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