#24J em São Paulo

Novo ato por ‘Fora Bolsonaro’ volta a levar milhares à Avenida Paulista

Descaso com a pandemia, corrupção, prevaricação e outros escândalos provocaram novos protestos por “Fora Bolsonaro” na capital paulista neste sábado

rjpcerqueira/Elineudo Meira/@imatheusalves
rjpcerqueira/Elineudo Meira/@imatheusalves
"Bolsonaro provoca permanentemente, testa permanentemente, testa a paciência dos democratas. Agora, ele recebe a resposta não apenas dos setores populares, mas também de setores conservadores que não avalisam esse tipo de visão sobre o Brasil", afirma Fernando Haddad

São Paulo – Mais de 100 mil pessoas tomaram a Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde de hoje (24) para gritar “Fora Bolsonaro!”. A manifestação foi parte do movimento #24JForaBolsonaro, convocado por movimentos sociais, sindicatos e lideranças políticas de diferentes espectros políticos. Em pauta, a defesa da vida, a partir do impeachment imediato do presidente Jair Bolsonaro.

As motivações para os atos que tomaram cerca de 500 cidades do Brasil e do mundo neste sábado são diversas. Na pauta central, o rechaço à gestão desastrosa do político diante da pandemia de covid-19. Bolsonaro apostou em uma postura negacionista diante da ciência. Rejeitou orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), prevaricou na compra de vacinas; incentivou e promoveu aglomerações; disseminou mentiras sobre a segurança de vacinas e de máscaras.

Agora, a CPI da Covid do Senado Federal, composta para investigar os supostos crimes cometidos pelo presidente durante a pandemia, avança. Além da prevaricação, os fatos apontam para um grande escândalo de corrupção envolvendo a compra de vacinas em contratos fraudulentos, enquanto o presidente disseminava mentiras sobre a pandemia. “Não vamos esperar pacificamente, olhando de camarote, 550 mil mortes. Essa semana tivemos o dado dramático de 150 mil órfãos no Brasil. Crianças que perderam pais e mães. Não podemos esperar até 2022”, disse o líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Não faltam motivos

Os ativistas chegaram cedo ao local de concentração, em frente ao Masp, na Avenida Paulista. Marcado por movimentos sociais para as 15h, por volta das 13h já era possível notar a movimentação. Aos poucos, ela ganhou corpo. Já às 18h, mais de 70 mil pessoas ocupavam a principal via da capital paulista. “Seja por conta da covid-19, seja por conta de suas políticas. Bolsonaro nega direitos sociais. A população negra é a mais atingida pela violência policial em plena pandemia. Esse governo implica em uma política de genocídio, uma política racista. Por isso, é importante permanecer em mobilização o tempo todo. Todo país está gritando fora genocida, fora Bolsonaro”, disse o líder da Coalizão Negra por Direitos, Douglas Belchior.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) celebrou a importância dos atos diante do cenário político. Mais de 120 pedidos de impeachment repousam na gaveta do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Diante da ameaça de impeachment, Bolsonaro trabalha para se aproximar do bloco do “centrão”, entregando cargos e verbas em larga escala.

Fernando Haddad e Raimundo Bonfim, da da Central de Movimentos Populares (CMP), presentes ao #24JForaBolsonaro deste sábado (Foto: Elineudo Meira / @fotografia.75)

Lideranças

“Bolsonaro provoca permanentemente, testa permanentemente a paciência dos democratas. Agora, ele recebe a resposta não apenas dos setores populares, mas também de setores conservadores que não avalisam esse tipo de visão sobre o Brasil. Esse governo precisa ser abolido, de preferência pelo impeachment, por princípio. Temos que ter clareza que não estamos mais nos anos 1980”, disse Haddad.

O jurista Ney Strozaky da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), avalia que a pressão popular pode surtir resultados. “A situação está bonita para o povo e feia para o presidente. Bolsonaro e seus generais estão isolados. Mais de 120 pedidos de impeachment estão engavetados. Mas hoje é um dia histórico. Temos uma multidão em São Paulo. Toda a Avenida Paulista tomada. Dia a dia, o presidente perde força”.

Sergio Nobre, presidente da CUT: ” Querem implementar um trabalho sem direitos. Trabalho sem direitos tem nome, é trabalho escravo.” (Foto: Roberto Parizotti/CUT Nacional)

O presidente da CUT, Sergio Nobre, denunciou a desconstrução do Estado promovida pelo presidente; outro ponto que chama a atenção neste período. “Bolsonaro quer entregar nossas estatais neste momento. Quer entregar nossas estatais agora. Mais do que nunca vemos a importância do SUS. Então, ameaça o direito dos trabalhadores. Querem implementar um trabalho sem direitos. Trabalho sem direitos tem nome, é trabalho escravo”, disse.  


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