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‘Não vou retroceder nem um passo’, diz João Paulo Rillo, ameaçado de cassação

Deputado de SP é objeto de representação de Coronel Telhada, Coronel Camilo e Delegado Olim, na Assembleia Legislativa, por agressão a policial durante ocupação do parlamento por estudantes

agência pt

Rillo: ‘É uma inversão total de valores, uma tentativa de intimidação, de me calar na Assembleia’

São Paulo – O deputado estadual João Paulo Rillo (PT) ainda não foi citado, em decorrência da representação contra ele, apresentada pelos deputados Coronel Telhada (PSDB), Coronel Camilo (PSD) e Delegado Olim (PP), sob a acusação de agressão a um policial militar durante a ocupação da Assembleia Legislativa de São Paulo, no início do mês, por estudantes secundaristas. No dia 3, Rillo saiu em defesa dos estudantes e deu um forte empurrão em um PM.

O deputado é objeto de representação na Corregedoria e outra no Conselho de Ética da Casa, sob a ameaça até de cassação de seu mandato. “Quando for citado vou me defender. E não dou nenhum passo atrás. Não vou retroceder um milímetro na minha atuação política”, diz o parlamentar.

Segundo Rillo, o caso é “uma inversão total de valores, uma tentativa de intimidação, de me calar na Assembleia”. “Eles ficaram inconformados com a ocupação estudantil.” Ao anunciar que entraria com a representação, o deputado Coronel Camilo a justificou “por (Rillo) ter empurrado o policial e causar desordem na casa”. Ex-comandante-geral da Polícia Militar, Coronel Camilo é o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia.

Cerca de 50 estudantes ocuparam o parlamento paulista no dia 3 deste mês – exigindo a abertura de uma CPI para investigar o desvio de verbas da merenda escolar – e saíram no dia 6, depois de uma ordem de reintegração de posse da Justiça. Na quarta-feira (25), a Assembleia aprovou a CPI em sessão extraordinária, para investigar a chamada “máfia da merenda” no estado. Os partidos ainda não indicaram os membros da comissão.

O pedido de instauração da CPI foi do PSDB, no dia 10, após a ocupação do plenário da Casa.

A “máfia da merenda” é um esquema de corrupção que envolveu pelo menos 22 prefeituras do estado de São Paulo e o governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Um dos investigados, o presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), nega envolvimento. “Caí numa armadilha e espero que tudo seja esclarecido”, disse Capez, segundo o jornal Valor. “Meu nome foi usado. Não fiz nenhuma interferência junto à Secretaria da Educação para beneficiar qualquer entidade.”

Na opinião de João Paulo Rillo, a instalação do governo interino de Michel Temer “influencia esse tipo de atitude (a representação contra ele) sem dúvida nenhuma”, assim como um recrudescimento da violência. “Uma ruptura democrática e o ataque à democracia têm consequências, como o próprio endurecimento da Polícia Militar nas manifestações. São sintomas do Estado repressor que se anuncia”, avalia.

Para ele, o governo Temer é “uma farsa transformada numa tragédia”: “A história se repete como farsa, depois como tragédia”.