Na posse de comandantes, Alckmin anuncia mais polícia nas ruas e defende ‘bicos’

Perguntado sobre descontentamento de PMs devido a questão trabalhista, governador afirma que é dever defender sua visão na Justiça; estado tem novos comandos nas polícias civil e militar

Blazeck e Benedito Meira entram nos lugares de Marcos Carneiro de Lima e Roberval Ferreira França (Foto: Eduardo Knapp. Folhapress)

São Paulo – Após dar posse ao novo delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Mauricio Blazeck, e ao coronel Benedito Meira como comandante-geral da Polícia Militar, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou na tarde de hoje (27), no Palácio dos Bandeirantes, que a “equipe está montada e todo empenho redobrado no sentido de fortalecer a segurança pública”. 

Como primeira “boa notícia”, Alckmin disse que tinha em mãos o projeto de lei da “atividade delegada”, aprovada há duas semanas na Assembleia Legislativa, cuja valerá para 123 municípios. Ele assinou a lei na cerimônia de posse, enquanto dava a entrevista coletiva. “Com isso, teremos mais policiais na rua, no sentido de policiamento ostensivo, preventivo, repressivo, ajudando a população”, explicou sobre a legislação que consolida o “bico” dos policiais militares, que passam a ter permissão para atuar em convênios firmados com municípios.

No entanto, questionado sobre o grande descontentamento provocado pela retirada do holerite dos PMs de um valor (recálculo de diferenças salariais) que eles já vinham recebendo havia três meses, após vencerem ação no Tribunal de Justiça de São Paulo, fato considerado uma “bomba” a ser enfrentada pela nova gestão da segurança no estado, o governador disse que a retirada do chamado recálculo é objeto de lei aprovada pela Assembleia. “É natural que as entidades de classe procurem antecipar e uma série de benefícios. É dever do governo defender sua visão do ponto de vista jurídico. Estamos cumprindo rigorosamente decisão judicial”, explicou, referindo-se a decisão do Supremo Tribunal Federal cassando o recálculo dos PMs a favor do governo. “Mas o doutor Grella está aberto para receber e ouvir as entidades e dialogar com elas”, prometeu, citando o novo secretário de Segurança Pública, Fernando Grella.

Na entrevista, Alckmin disse que o combate à violência será reforçado com ação integrada das polícias civil e militar e com forte presença da polícia científica e de inteligência. Perguntado quanto a uma das questões mais criticadas de sua gestão na segurança, exatamente por que esse trabalho integrado entre as polícias não se realizou antes, ele rebateu: “[A integração] vinha acontecendo e nós já avançamos bastante. É sempre hora de avançar mais, de fazermos mais”, disse. “Temos um conjunto de trabalhos que já estão ocorrendo e novos vão ocorrer”. De acordo com ele, o secretário Fernando Grella, que estava na coletiva, mas não se pronunciou, disse que “haverá uma força tarefa na área de investigação”. 

Sobre a colaboração com o Ministério da Justiça no combate à violência, Geraldo Alckmin disse que “o governo federal é nosso parceiro. As operações rodoviárias estão em curso. A parceria na área penitenciária também, para eventuais transferências de presos”. Alckmin mencionou ainda o desenvolvimento dos trabalhos, a partir do convênio assinado com o governo de Dilma Rousseff, da “agência de ação integrada na área de inteligência trocando informações e tendo ações conjuntas”. Perguntado se o acordo influenciou de alguma maneira a troca de comando da Secretaria de Segurança Pública, da PM e da Polícia Civil, o governador foi breve: “Não, nenhuma influência”.

Urgência

Quanto à urgência da reversão do quadro de violência, o governador afirmou que “é pra ontem e todo mundo está trabalhando com senso de urgência e empenho”. Questionado sobre seu governo ser acusado pela Anistia Internacional de ser negligente no combate à violência, ele citou números. “Entre o ano 2000 e agosto de 2012, tivemos demitidos ou expulsos 1.795 policiais civis e 3.999 militares. Se tem um estado que tem corregedoria que age e toma providências é São Paulo.”

O governador afirmou que já está autorizada a contratação de 33 médicos legistas e 47 peritos criminais. “Vamos fortalecer muito a polícia científica e o instituto de criminalística, com a nomeação de 80 novos profissionais”. Disse também que na próxima semana 185 novos delegados de polícia estarão trabalhando e outros 137 começarão assumirão em 90 dias, perfazendo um total de 322 novos delegados. O policiamento das ruas ganhará reforço de mais 960 novos soldados da PM.

Outra medida anunciada no evento é o estabelecimento de um prazo para a perícia chegar nas ocorrências rapidamente. “Quanto mais rápido a polícia agir, maior a chance de prender os criminosos”, indicou Alckmin.

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