Manifestações de ódio revelam ‘a antipátria’, diz Del Roio
'Assim não construiremos nada', diz historiador, para quem o Brasil tem um longo caminho no combate à desigualdade, à discriminação e à violência. 'Ainda somos uma nação em construção'
Publicado 16/08/2015 - 19h24
São Paulo – O historiador e ativista José Luiz Del Roio vê uma fotografia em que manifestantes empunham uma faixa, dando à presidenta Dilma Rousseff duas opções: “Jânio” ou “Getúlio”, sugerindo renúncia ou suicídio. “É evidente que ódio, desejar morte de uma presidente são coisas que revelam a antipátria. Assim não construiremos nada”, diz Del Roio, durante manifestação diante do Instituto Lula, em São Paulo. Para ele, o Brasil ainda tem pela frente uma “tarefa gigantesca” no caminho do combate à desigualdade, à discriminação e à violência. “A luta política se faz com propostas concretas para resolver os problemas e para construir uma nação. Ainda somos uma nação em construção.”
Ele avalia que a oligarquia brasileira não tolera coisas mínimas, no sentido de avanços sociais. Sobre um risco de “golpe”, ele vê a situação controlada neste momento. “Mas este momento é este momento”, observa. “O perigo existe.”
Segundo Del Roio, é preciso considerar a situação internacional. “Hoje vivemos um verdadeiro terremoto global”, diz, citando certa “transferência” de poder econômico do ocidente para a oriente e a participação do Brasil nesse processo. “O que está em jogo é o peso de um grande país na reorganização do planeta.”
O jornalista e escritor Palmério Dória acredita que o golpe “está instalado” no país. “Existe um perigo real e imediato”, afirma, defendendo em especial mudanças na Justiça brasileira.