Lula volta a Brasília para concluir ministério. Programação da posse pode mudar após ameaça terrorista
Marina Silva deve ser confirmada no Meio Ambiente. Destino de Simone Tebet é incerto. Fortalecer a segurança de Lula e da posse é o foco após ameaças de bomba
Publicado 26/12/2022 - 15h18
São Paulo – Depois de passar o Natal em sua residência em São Paulo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), volta a Brasília nesta segunda-feira (26). Na capital federal, vai conversar com interlocutores para terminar a formação do ministério. Ele já confirmou 21 nomes que vão compor a Esplanada a partir do dia 1° de janeiro. Os 16 restantes dos 37 ministros serão anunciados durante a semana, possivelmente até quarta ou quinta-feira (29). A expectativa é de que a ex-ministra Marina Silva seja confirmada no Meio Ambiente. O destino da senadora Simone Tebet (MDB) é incerto.
Em Brasília, depois da ameaça de um atentado terrorista por parte de um seguidor de Jair Bolsonaro, as discussões deixaram de ser apenas políticas, como têm sido as transições de governo desde a redemocratização do país e a promulgação da Constituição de 1988. O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (26) que, a partir da ameaça, tudo o que se refere à posse de Lula será revisto durante a semana.
“Tudo vai ser revisto, tudo repassado, passo a passo, para fortalecer a segurança do presidente e da posse. Estamos diante de um fato novo muito grave, envolvendo um homem com fuzis e bombas, que afirma não ter agido sozinho”, afirmou à Folha de S. Paulo. “Estamos em outro patamar, de terrorismo.” A programação dos eventos e da próprio trajeto de Lula na Esplanada está no contexto de possível revisão, incluindo os horários da programação da agenda.
Responsabilidade de Bolsonaro
“A responsabilidade política do Bolsonaro é evidente. Estimulou o armamentismo irresponsável e atos de ataques a instituições. Mas a responsabilidade judicial ainda é cedo para falar”, disse ainda o futuro ministro da Justiça. À GloboNews, Dino especulou que “não se trata obviamente do chamado lobo solitário”. Segundo ele, “há gente poderosa financiando isso”.
Em postagem no Twitter, o ex-deputado federal e ex-presidente da OAB do Rio de Janeiro Wadih Damous defende que “essa delinquência de extrema direita tem de ser monitorada”. Segundo ele, “antes e depois da posse”. “O episódio de criar terror no aeroporto de Brasília mostra que parte dessa turma que ocupa porta de quartel vai cair na clandestinidade e se articular para atacar de forma terrorista a democracia”, escreveu.
Terroristas vinculados ao acampamento golpista no QG do Exército da capital federal promovem ações desde 12 de dezembro, quando a cidade se transformou em cenário de guerra, sob o pretexto da prisão de um líder bolsonarista acusado de atos antidemocráticos e incitação à violência. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Confira os nomes dos 21 ministros já confirmados por Lula.
- Nísia Trindade (Saúde)
- Fernando Haddad (Fazenda)
- José Múcio Monteiro (Defesa)
- Rui Costa (Casa Civil)
- Mauro Vieira (Relações Exteriores)
- Camilo Santana (Educação)
- Alexandre Padilha (Secretaria das Relações Institucionais)
- Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública)
- Esther Dweck (Gestão)
- Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
- Márcio França (Portos e Aeroportos)
- Luciana Santos (Ciência e Tecnologia)
- Cida Gonçalves (Ministério da Mulher)
- Luiz Marinho (Trabalho)
- Anielle Franco (Igualdade Racial)
- Silvio Almeida (Direitos Humanos)
- Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio)
- Márcio Macedo (Secretaria-Geral)
- Jorge Messias (Advocacia-Geral da União)
- Vinicius Carvalho (Controladoria-Geral da União)
- Margareth Menezes (Cultura)