Todo cuidado é pouco

Lula volta a Brasília para concluir ministério. Programação da posse pode mudar após ameaça terrorista

Marina Silva deve ser confirmada no Meio Ambiente. Destino de Simone Tebet é incerto. Fortalecer a segurança de Lula e da posse é o foco após ameaças de bomba

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula, Geraldo Alckmin e Aloizio Mercadante no núcleo principal das negociações em torno da escolha dos novos ministros

São Paulo – Depois de passar o Natal em sua residência em São Paulo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), volta a Brasília nesta segunda-feira (26). Na capital federal, vai conversar com interlocutores para terminar a formação do ministério.  Ele já confirmou 21 nomes que vão compor a Esplanada a partir do dia 1° de janeiro. Os 16 restantes dos 37 ministros serão anunciados durante a semana, possivelmente até quarta ou quinta-feira (29).  A expectativa é de que a ex-ministra Marina Silva seja confirmada no Meio Ambiente. O destino da senadora Simone Tebet (MDB) é incerto.

Em Brasília, depois da ameaça de um atentado terrorista por parte de um seguidor de Jair Bolsonaro, as discussões deixaram de ser apenas políticas, como têm sido as transições de governo desde a redemocratização do país e a promulgação da Constituição de 1988. O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (26) que, a partir da ameaça, tudo o que se refere à posse de Lula será revisto durante a semana.

“Tudo vai ser revisto, tudo repassado, passo a passo, para fortalecer a segurança do presidente e da posse. Estamos diante de um fato novo muito grave, envolvendo um homem com fuzis e bombas, que afirma não ter agido sozinho”, afirmou à Folha de S. Paulo. “Estamos em outro patamar, de terrorismo.” A programação dos eventos e da próprio trajeto de Lula na Esplanada está no contexto de possível revisão, incluindo os horários da programação da agenda.

Responsabilidade de Bolsonaro

“A responsabilidade política do Bolsonaro é evidente. Estimulou o armamentismo irresponsável e atos de ataques a instituições. Mas a responsabilidade judicial ainda é cedo para falar”, disse ainda o futuro ministro da Justiça. À GloboNews, Dino especulou que “não se trata obviamente do chamado lobo solitário”. Segundo ele, “há gente poderosa financiando isso”.  

Em postagem no Twitter, o ex-deputado federal e ex-presidente da OAB do Rio de Janeiro Wadih Damous defende que “essa delinquência de extrema direita tem de ser monitorada”. Segundo ele, “antes e depois da posse”. “O episódio de criar terror no aeroporto de Brasília mostra que parte dessa turma que ocupa porta de quartel vai cair na clandestinidade e se articular para atacar de forma terrorista a democracia”, escreveu.

Terroristas vinculados ao acampamento golpista no QG do Exército da capital federal promovem ações desde 12 de dezembro, quando a cidade se transformou em cenário de guerra, sob o pretexto da prisão de um líder bolsonarista acusado de atos antidemocráticos e incitação à violência. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Confira os nomes dos 21 ministros já confirmados por Lula.

  • Nísia Trindade (Saúde)
  • Fernando Haddad (Fazenda)
  • José Múcio Monteiro (Defesa)
  • Rui Costa (Casa Civil)
  • Mauro Vieira (Relações Exteriores)
  • Camilo Santana (Educação)
  • Alexandre Padilha (Secretaria das Relações Institucionais)
  • Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública)
  • Esther Dweck (Gestão)
  • Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
  • Márcio França (Portos e Aeroportos)
  • Luciana Santos (Ciência e Tecnologia)
  • Cida Gonçalves (Ministério da Mulher)
  • Luiz Marinho (Trabalho)
  • Anielle Franco (Igualdade Racial)
  • Silvio Almeida (Direitos Humanos)
  • Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio)
  • Márcio Macedo (Secretaria-Geral)
  • Jorge Messias (Advocacia-Geral da União)
  • Vinicius Carvalho (Controladoria-Geral da União)
  • Margareth Menezes (Cultura)