Disputa em SP

Haddad promete rever ‘confiscos’ de Doria e Garcia a servidores e Nota Paulista

Candidato do PT ao governo paulista fala em valorizar magistério, policiais e investir em inteligência na política de segurança

Reprodução/Youtube/O Globo
Reprodução/Youtube/O Globo
Haddad também disse que pretende reestruturar a carreira do magistério, "desfigurada" na atual gestão

São Paulo – Em sabatina nesta quarta-feira (17), o candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT), anunciou que pretende “recompor” o que chamou de confisco aos servidores aposentados do Estado. Ele se referiu ao aumento do desconto da contribuição de dos servidores inativos feito após a reforma da Previdência paulista, aprovada em 2020, durante o governo de João Doria (PSDB). Assim, a alíquota de contribuição obrigatória dos servidores ao regime de aposentadorias passou de 11% para 14%.

“Meu compromisso com os servidores é recompor o confisco”, afirmou Haddad. “Vou sentar com as categorias, como sempre fiz. Não é novidade na minha vida negociar com os sindicatos”, acrescentou o candidato em entrevista a repórteres e analistas dos jornais Valor, O Globo e da rádio CBN.

O candidato ainda estendeu a crítica ao governo de Doria e do atual governador e candidato à reeleição Rodrigo Garcia, a outros setores “confiscados”: “Ele (Doria) confiscou muita coisa. Confiscou o passe do idoso, confiscou o leite das crianças, quando era prefeito. Confiscou metade do passe livre do estudante. Aumentou impostos de todo mundo. Confiscou a Nota Paulista”.

Sobre a devolução de parte do ICMS por meio da Nota Paulista, Haddad citou que, em 2014, cerca de R$ 2 bilhões voltaram para os contribuintes. No ano passado, foram apenas R$ 300 milhões. E criticou Garcia por prometer ampliar esse montante. “O Serra fez, o Alckmin manteve (ex-governadores tucanos). E quem que acabou? O Doria e o Rodrigo. Acabaram com a Nota Paulista. O confisco foi feito por decreto.”

Educação

Do mesmo modo, Haddad também afirmou que pretende reestruturar a carreira do magistério paulista que, segundo ele, foi “desfigurada” pela atual gestão, hoje sob comando de Garcia. No ano passado, o governo aprovou o projeto (PLC 3/22) que retirou direitos dos trabalhadores da educação do estado de São Paulo.

Na prática, o governo passou a adotar o pagamento por subsídios, modalidade de remuneração que se aplica somente a ocupantes de cargos eletivos, ministros e secretários de Estado e municipais. O novo modelo foi contestado pelo Sindicato dos Professores do Ensino no Estado de São Paulo (Apeoesp). “Felizmente eu saí do Ministério da Educação e da prefeitura de São Paulo refazendo todos os planos de carreiras, sem uma única exceção. E tudo o que eu fiz, fiz por acordo assinado com o sindicato. Nunca aprovei uma lei goela abaixo do servidor.”

Segurança

Na segurança pública, o candidato petista afirmou que vai “manter e expandir” o uso de câmeras nos agentes e viaturas da Polícia Militar. “Tudo o que salva vidas é importante. Inclusive está salvando vidas de policiais. Então, é algo que tem que ser mantido e aperfeiçoado”. Além disso, Haddad disse que pretende valorizar os agentes de segurança. E voltou a criticar Doria.

“São Paulo não pode pagar o 22º pior salário do país para policial. Vem aqui uma porção de ‘machão’ falar que a segurança pública é prioridade. Passaram aí esse tempo… Cadê a promessa do Doria de que São Paulo ia terminar o mandato dele com o melhor salário de policial?” Por outro lado, ele afirmou que São Paulo “está perdendo a capacidade de investigar o crime”. Tal situação é reflexo do processo de “depreciação” da Polícia Civil, segundo ele.

Rodrigo e Tarcísio escondem ‘padrinhos’

No início da entrevista, Haddad comemorou o amplo leque de apoiadores à sua candidatura. “Temos o Alckmin me apoiando, a Marina me apoiando, o Boulos, o Márcio França. Há um ano, quem poderia imaginar que isso fosse possível?” Disse, ainda, estar “muito satisfeito” com a escolha de Lúcia França como sua vice. “Ela tem vida própria, uma empresária, uma educadora. Conhece o estado, foi primeira-dama”. Além dos apoios políticos, o candidato afirmou que a amplitude da sua aliança garante “base técnica” para governar o estado. “Nós vamos oxigenar essa máquina depois de 28 anos”.

Também celebrou a aliança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Alckmin. “Tem um Bolsonaro no meio do caminho. É absolutamente imprescindível que as pessoas que viveram o processo de redemocratização atentem para isso.”

Por outro lado, afirmou que os seus principais competidores na disputa ao Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB), tentam esconder seus “padrinhos” políticos. “O Rodrigo vai ter que esconder o Doria. O Tarcísio não sabe se apresenta ou não o Bolsonaro. Está todo mundo na dúvida do que fazer. Eu não nunca tive esse problema na vida, porque eu nunca escondi apoiador nem vou esconder, e menos ainda agora”.

O vídeo é da página do Valor Econômico


Leia também


Últimas notícias