Eleição no PT: Goulart defende terceiro mandato do PT ‘sem partidos burgueses’

O candidato com discurso mais radical de esquerda na disputa interna do PT, Serge Goulart, da corrente Esquerda Marxista, critica duramente a aliança com o PMDB para a eleição de […]

O candidato com discurso mais radical de esquerda na disputa interna do PT, Serge Goulart, da corrente Esquerda Marxista, critica duramente a aliança com o PMDB para a eleição de 2010. “Lutamos pela ruptura do PT, e portanto, do governo Lula, com todos os partidos burgueses e a constituição de um governo dos trabalhadores apoiado na CUT, no MST e nas organizações populares”, defendeu.

Neste domingo (22), o PT realiza primeiro turno do Processo de Eleições Diretas (PED). A Rede Brasil Atual entrevistou cada um dos seis candidatos à presidência nacional do partido com base nas mesmas quatro perguntas.

A quarta edição da votação entre filiados define os presidentes e diretórios nacional, estaduais, regionais, municipais e zonais. A votação de cada chapa estabelece a composição do diretório de cada esfera. No caso do presidente, caso um candidato não obtenha maioria dos votos, há uma segunda votação entre os dois mais bem colocados.

Candidato nas edições anteriores, Sokol encampa um discurso mais à esquerda entre os candidatos e lembra que o cenário em que membros do partido disputavam a direção já com planos de se retirar são coisa do passado.

Entrevista

Serge Goulart

candidato à presidência nacional do PT

Serge é o único dos candidatos entrevistados a afirmr que a base do partido é contrária à aliança. “É impossível lutar pelo socialismo coligado com os inimigos de classe”, explica.

Confira a entrevista:

RBA – O PT sempre se colocou como um partido que acolhe uma ampla diversidade de pontos de vista. Ainda assim, é possível apontar pontos de consenso entre as diferentes tendências?

O principal consenso é de que o PT é o partido da classe trabalhadora brasileira. O PT é o partido que construiu a consciência de classe no Brasil em nível das amplas massas trabalhadoras. O partido que construiu a CUT e permitiu o desenvolvimento das organizações de massa no Brasil.  Enfim é o maior partido operário, e o maior partido da história do Brasil. O grande consenso é de que é neste terreno que a luta política entre os trabalhadores deve se desenvolver. Há outros pontos de consenso mas são extremamente secundários. Nas questões políticas e teóricas praticamente cada corrente do PT tem suas próprias formulações. A Esquerda Marxista, minha corrente, reivindica o legado de (Karl) Marx, (Friedrich) Engels, (Vladimir) Lenin e (Léon) Trotsky como métodos e análises que permitem iluminar nosso terreno de luta hoje contra o capitalismo, pelo socialismo, através da luta de classes. É por isso que lutamos pela ruptura do PT, e portanto, do governo Lula, com todos os partidos burgueses e a constituição de um governo dos trabalhadores apoiado na CUT, no MST e nas organizações populares.

RBA – Quais são as principais divergências entre as propostas colocadas. Em outras palavras, o que diferencia sua candidatura das demais?

A chapa “Virar à esquerda. Reatar com o socialismo” se diferencia das demais por colocar abertamente a questão do socialismo, do combate ao regime capitalista, exigir a ruptura do PT com a burguesia e seus partidos e por um conjunto coerente de propostas – Petrobrás 100% estatal com todo o Pré-Sal, reestatização de todas as empresas e serviços privatizados, reforma agrária de verdade, educação e saúde públicas, gratuitas e de qualidade para todos, aumento geral de salários, estabilidade no emprego, retirada das tropas do Haiti, apoio à revolução venezuelana etc.

RBA – O PED deste ano acontece com um pré-acordo já firmado nacionalmente com o PMDB para a eleição de 2010. Em sua avaliação, há aval das bases do partido para essa aliança?

De forma alguma. A base vai engolir arranhando este banquete estragado feito no Palácio do Planalto. É impossível lutar pelo socialismo coligado com os inimigos de classe. Esta aliança é um ataque à nossa Carta de Princípios que diz que o PT é um Partido sem Patrões e que as elites “pretendem promover uma conciliação entre os de cima, incluindo a cúpula do MDB, para impedir a expressão política dos de baixo, as massas trabalhadoras do campo e da cidade”.

Vender a alma ao diabo para ganhar eleições desmoraliza o partido, seus militantes e prepara a volta da direita. Somos pela ruptura com o PMDB, PP, PTB, PSB, PDT etc.

RBA – Qual papel o novo presidente e a nova executiva terão na definição de alianças regionais?

Hoje, tentam fazer que o medo vença a esperança dentro do PT. Tentam nos convencer que o PT é incapaz de reunir à sua volta a maioria sofrida do povo brasileiro. Mas, de 1979 até a eleição de Lula provamos que isso é mentira. Em 2010, é preciso um terceiro mandato para o PT, agora sem os partidos burgueses.

Nosso objetivo deve ser a presidência, governos estaduais e uma bancada parlamentar que expresse a força da classe trabalhadora e sua luta pelo socialismo.

Isso exige Comitês Populares de mobilização para conquistar a maioria explorada. E isso só pode ser feito com uma política de esquerda lançando candidatos próprios em todos os estados e alianças só com os que lutam pelo socialismo.

Reunir todos os que crêem nisso, convencer a maioria do partido, esta é a tarefa que nossa chapa se colocou.