Fretados: empresários e usuários estão revoltados em SP

Aprovação da restrição aos fretados no centro expandido de São Paulo deve provocar 10 mil demissões, calcula representante do setor

A aprovação da restrição aos fretados em São Paulo, pela Câmara dos Vereadores, na quarta-feira (19) deixou os empresários do setor inconformados.

“Perdemos porque o poder da prefeitura é além do normal”, enfatizou Geraldo da Silva Maia Filho, diretor da Associação das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Fretamento e Turismo do Estado de São Paulo (Assofresp).

Em entrevista à Rede Brasil Atual, o representante do setor lembrou que a prefeitura conseguiu coisas muito difíceis de explicar, como cassar uma liminar contra a Portaria 58/09 (que implantou a restrição aos fretados) em três horas e instituir regras para uma metrópole por portaria, o que é ilegal.

“Estamos muito revoltados”, resumiu Maia. Segundo ele, 50% dos ônibus fretados estão parados e a situação tende a piorar. “Com a volta às aulas, o trânsito está muito pior. As pessoas estão chegando atrasadas ao trabalho e no fim do expediente não chegam a tempo nos bolsões para pegar o fretado.”

Problema similar vivem os estudantes. “Quem estuda não consegue sair do trabalho e chegar a tempo na faculdade”, informou Maia.

O caos no trânsito e a consequente dificuldade das pessoas em chegar no trabalho ou na faculdade deve reduzir ainda mais o número de usuários, explicou o representante do setor.

Alternativas

Depois da restrição ao transporte por fretamento, ex-usuários estão buscando outras alternativas para se locomover em São Paulo. “Tenho visto de tudo: táxi rateado entre quatro pessoas diariamente, pessoas que compraram carro e dividem os gastos, inclusive a prestação, com os colegas de trajeto”, destacou Maia.

A secretária Marines Canteras Manolio trabalha no Itaim Bibi (zona sul) e preferiu comprar um carro depois de tentar, sem sucesso, entrar num ônibus lotado. “Para usar o transporte público eu precisaria pegar três conduções de manhã e três à tarde, sem falar que eu ficaria três horas no trânsito, em um ônibus lotado”, descreveu.

Usuária de fretado há 27 anos, ela sente falta da tranquilidade oferecida por esse tipo de transporte. “Eu me estresso no trânsito, tive de alugar uma garagem para o carro e gastar com algo que antes eu não precisava”, afirmou a secretária.

Para Marines, moradora de Santo André, a ação da prefeitura de São Paulo é inacreditável. “Uma metrópole como São Paulo está caminhando na contramão das boas políticas de meio ambiente. A restrição aos fretados obviamente vai significar muitos carros a mais no trânsito.”

Paulistanos apoiam fretados

De acordo com pesquisa do instituto Datafolha, realizada na semana de 10 a 14, 52% dos paulistanos são contra a medida de Kassab e 57% dos entrevistados afirmaram que o trânsito em São Paulo continua igual após a restrição.