Por mudanças urgentes

Em editorial, revista britânica ‘The Lancet’ defende voto em Lula

A publicação centenária, especializada em saúde, destaca a gestão desastrosa de Bolsonaro e as mudanças nos governos latinoamericanos. “Há uma chance de aliviar a negligência, desigualdade e violência. Esperemos que o Brasil escolha aproveitar esta oportunidade.”

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Para a revista, se as pesquisas eleitorais forem confirmadas, o Brasil se juntará a outros países latino-americanos onde há uma esperança renovada de mudança social progressiva

São Paulo – O manejo desastroso da pandemia, a volta da fome, o desrespeito às mulheres, minorias étnicas, povos indígenas e meio ambiente por Jair Bolsonaro (PL) e a esperança renovada com novos governos em países latino-americanos são destacados em editorial da revista britânica The Lancet, que defende voto no petista Luiz Inácio Lula da Silva. Os editores da prestigiada publicação especializada em saúde, em circulação desde 1823, dizem que há “uma chance sem precedentes de novos começos na América Latina; uma oportunidade de fazer mudanças positivas para aliviar a profunda negligência, desigualdade e violência”. “Esperamos que o Brasil escolha aproveitar esta oportunidade.”

Em editorial publicado no último sábado (3), a revista lembra que durante o “reinado de Bolsonaro”, as medidas de proteção social foram prejudicadas pela redução de financiamento, levando ao aumento acentuado das desigualdades, da pobreza e da fome. Os autores mencionam o 2ª Inquérito Nacional de Insegurança Alimentar divulgados em junho, que aponta que pelo menos 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil.

Segundo o editorial, a combinação de pandemia, aumento do desemprego, enfraquecimento de programas sociais e desmantelamento de políticas de bem-estar durante o regime de Bolsonaro foram suficientes para deixar o Brasil em sua pior posição em décadas em termos de cuidado à saúde da população. “As questões perenes de desigualdade, pobreza e corrupção continuam a prejudicar os brasileiros e sua saúde. A violência baseada em gênero e com armas é galopante e a decisão de Bolsonaro de relaxar as leis de armas foi um passo na direção errada.”

Lancet fala em esperança renovada

“O Brasil precisa de uma mudança urgente”, defendem os editores, que não se esqueceram de citar as ameaças de golpe no Brasil. “Há temores no país de que Bolsonaro, conhecido por sua volatilidade e incitação indireta à violência, não vá em silêncio. Ele já criticou o sistema de votação eletrônica do Brasil na presença de embaixadores estrangeiros”, lembrando o dia em que o presidente chamou embaixadores para atacar o sistema eleitoral e insinuar que uma eventual derrota nas urnas seriam uma fraude.

Em contraposição, a revista destaca o favoritismo do ex-presidente nas pesquisas, com vitória “seja no primeiro turno, em 2 de outubro, ou no segundo turno, em 30 de outubro”. E que se forem confirmadas, o Brasil se juntará a outros países latino-americanos onde há uma esperança renovada de mudança social progressiva. 

A The Lancet dá como exemplo o Chile, que com o presidente Gabriel Boric tem pela primeira vez na história a maior parte do gabinete e metade dos ministros formada por mulheres e uma forte agenda ambiental, com entendimento de que combustíveis fósseis são coisas do passado. Também cita a Colômbia, com Gustavo Petro, ex-guerrilheiro que assumiu em agosto e que prometeu renovar a saúde e a educação do país, com universidade gratuita, além de combater a corrupção e a pobreza, proteger os direitos dos trabalhadores, reformar a previdência e tributar terras improdutivas. 

‘Há uma chance sem precedentes de novos começos na América Latina; uma oportunidade de fazer mudanças positivas para aliviar a profunda negligência, desigualdade e violência. Esperamos que o Brasil escolha aproveitar esta oportunidade.”

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Foto: Reprodução


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