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Senado: levantamento aponta pelo menos 43 votos para Rodrigo Pacheco contra Rogério Marinho

Atual presidente do Senado mantém favoritismo. Como o voto é secreto, traições podem ocorrer de um lado e de outro na disputa

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Rogério Carvalho e Randolfe Rodrigue trabalham pela permanência de Rodrigo Pacheco no comando da casa

São Paulo – A luta pela presidência do Senado, que será definida nesta quarta-feira (1°), de certa maneira retoma a chamada “polarização” que se deu na eleição pela Presidência da República em 2022. De acordo com levantamento do consultor e analista político Antônio Augusto de Queiroz na manhã de hoje, Rodrigo Pacheco tem no mínimo 43 votos na disputa contra o bolsonarista Rogério Marinho (confira a lista abaixo). Para ser eleito, o candidato precisa de 41 votos (metade mais um) dos senadores. Se nenhum candidato atingir esse número, eleição terá segundo turno.

As negociações em torno de votos, envolvendo postos na Mesa Diretora, prosseguirão durante todo o dia. A eleição se decidirá a partir das 16h. O presidente da casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua base, enfrenta uma tentativa do bolsonarismo de se manter como uma força institucionalmente forte. Isso aconteceria com eventual zebra e vitória do candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Rogério Marinho (PL-RN). Do ponto de vista institucional, a derrota do bolsonarista Marinho isolará ainda mais os golpistas.

Segundo análises divulgadas na imprensa tradicional, Marinho pode surpreender e confirmar a zebra. Um dos motivos seria o “inconformismo” de parte dos senadores contra uma propalada hegemonia da dupla formada entre Pacheco e Davi Alcolumbre (União-AP). O senador do Amapá teria muito poder e protagonismo, o que incomodaria parcela das bancadas.

Segundo essas fontes, com Pacheco reeleito, a parceria entre ambos continuaria até Alcolumbre ser o candidato a suceder o atual presidente da Casa em 2025. Rodrigo Pacheco foi questionado sobre um suposto acerto com Alcolumbre pelo portal UOL e negou categoricamente. “Não procede. Não tem nenhum acordo e nem sequer conversa sobre isso”, disse ontem (31).

Dança dos votos

Na terça-feira (31), Pacheco obteve uma importante sinalização: o anúncio do MDB de que daria seu apoio ao atual presidente da casa. O MDB é da base de Lula, mas, como o voto é secreto, as traições podem acontecer e, não raro, acontecem. O MDB tem dez parlamentares. Aparentemente, a senadora Ivete da Silveira (MDB-SC) seria a única emedebista que votará em Marinho.

Santa Catarina e Rio de Janeiro são os dois únicos estados nos quais Pacheco não terá voto, de acordo com o levantamento. Porém, o senador Fernando Dueire (MDB-PE) é outro dissidente do partido. No final da manhã, o pernambucano anunciou que também vota no candidato de Bolsonaro.

Por outro lado, três correligionários de Pacheco disseram que vão votar em Marinho: Nelsinho Trad (MS), Dr. Samuel Araújo (PSD-RO) e Lucas Barreto (PSD-AP).

A “polarização” na eleição no Senado provocou até mesmo uma discussão no Twitter entre o youtuber Felipe Neto, que fez campanha para Lula, e o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE). Com participação destacada na CPI da Covid, Vieira surpreendeu aliados ao anunciar o voto no bolsonarista, alegando ser “necessário ter uma alternância de poder no Senado”.

Felipe Neto x Alessandro Vieira

eleição senado
Tuíte de Felipe Neto

“Senador @_AlessandroSE (Alessandro Vieira), vc se destacou na CPI da Covid contra a gestão genocida de Bolsonaro. Agora apoia o capacho dele para a pres. do Senado? Essa vergonha manchará para sempre a sua imagem. Ainda dá tempo de mudar”, postou Felipe. O senador tucano respondeu que “mais dois anos de Alcolumbre/Pacheco é ruim para o Senado e para o Brasil”, e Felipe arrematou: “Essa resposta é inaceitável para um defensor da democracia”.

Veja a lista de senadores cujos votos para a presidência do Senado irão para Rodrigo Pacheco, segundo levantamento do analista Antônio Augusto de Queiroz:

Acre
Sérgio Petecão (PSD-AC)

Alagoas
Renan Calheiros (MDB-AL)
Renan Filho (MDB-AL)

Amapá
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
Davi Alcolumbre (União-AP)

Amazonas
Eduardo Braga (MDB-AM)
Omar Aziz (PSD-AM)

Bahia
Angelo Coronel (PSD-BA)
Jaques Wagner (PT-BA)
Otto Alencar (PSD-BA)

Ceará
Cid Gomes (PDT-CE)
Camilo Santana (PT-CE)

Distrito Federal
Leila Barros (PDT-DF)

Espírito Santo
Fabiano Contarato (PT-ES)

Goiás
Jorge Kajuru (PSB-GO)
Vanderlan Cardoso (PSD-GO)

Maranhão
Eliziane Gama (PSD-MA)
Weverton (PDT-MA)
Flávio Dino (PSB-MA)

Mato Grosso
Carlos Fávaro (PSD-MT)
Jayme Campos (União-MT)

Mato Grosso do Sul
Soraya Thronicke (União-MS)

Minas Gerais
Rodrigo Pacheco (PSD-MG)

Paraná
Flávio Arns (PSB-PR)

Paraíba
Daniella Ribeiro (PSD-PB)
Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
Efraim Filho (União-PB)

Pará
Jader Barbalho (MDB-PA)
Beto Faro (PT-PA)

Pernambuco
Humberto Costa (PT-PE)
*Fernando Dueire (MDB-PE)
Teresa Leitão (PT- PE)

Piauí
Marcelo Castro (MDB-PI)
Wellington Dias (PT-PI)

Rio de Janeiro

Rio Grande do Norte
Zenaide Maia (PSD-RN)

Rio Grande do Sul
Paulo Paim (PT-RS)

Rondônia
Confúcio Moura (MDB-RO)

Roraima

Chico Rodrigues (PSB-RR)

Santa Catarina

Sergipe
Rogério Carvalho (PT-SE)

São Paulo
Giordano (MDB-SP)
Mara Gabrilli (PSD-SP)

Tocantins
Irajá (PSD-TO)
Professora Dorinha (União-TO)

*O senador Fernando Dueire (MDB-PE) anunciou que vota em Rogério Marinho no final da manhã.
**Atualizado às 12h55

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