Dossiê analisa o retorno dos militares à política com o governo Bolsonaro
Retrocessos sociais e onda neofascista atual no Brasil são aspectos ligados ao protagonismo dos militares desde o golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência
Publicado 15/03/2022 - 11h11
São Paulo – Um dossiê lançado nesta terça-feira (15) sobre a presença dos militares no governo federal desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 ajuda a leitor a compreender o retrocesso nos direitos sociais conquistados nos anos 2000 e a atual onda neofascista que o Brasil vivencia.
Após quase três décadas em que os militares estiveram ausentes dos holofotes da política brasileira, desde o fim da ditadura civil-militar (1964-1985), as Forças Armadas reassumiram o protagonismo na política nacional com a chegada de Bolsonaro ao poder Executivo, em 2019.
Segmentos militares brasileiros conspiraram sorrateiramente no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, e são os pilares de organização política da coalizão militar-financeira-neopentecostal que levou Bolsonaro ao poder.
O dossiê “A questão militar no Brasil: o retorno do protagonismo dos militares na política”, lançado pelo Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, faz uma análise sobre quem são as Forças Armadas no Brasil, sua relação com o imperialismo estadunidense e como funciona a militarização de setores nacionais.
A leitura de mundo do ambiente militar, agora expressa pelo governo federal, é formada por uma coesão ideológica conservadora e liberal, caracterizada pelo corporativismo e uma visão anticomunista, desgarrada da realidade. Sob a ótica dos comandos militares brasileiros, o Estado está à serviço dos interesses privados, avalia o dossiê.
Leia também: O fracasso dos militares ao conceber e levar adiante o governo de um ‘mau militar’
Estes aspectos representam marcos ideológicos que permitem compreender melhor o comportamento dos militares e suas organizações burocráticas, políticas e sociais que vieram à superfície da política para disputar abertamente os rumos da sociedade brasileira.
O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social é uma instituição internacional, orientada pelos movimentos populares, que procura produzir conhecimento sobre a economia política, bem como a hierarquia social, com o objetivo de facilitar o trabalho de movimentos populares e se envolver na “batalha de ideias” para lutar contra a ideologia que varreu as instituições intelectuais, da academia à mídia.