Agora são elas

Dilma: temos de perceber o poder das ruas nesse país

Ex-presidenta participou do lançamento do programa ‘Elas por Elas’, na TV PT. A luta por mais democracia – e mais mulheres na política – foi defendida também por Benedita da Silva, Sonia Guajajara e Manuela D’Ávila

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São Paulo – A ex-presidenta Dilma Rousseff torce pelo enfraquecimento da variante Delta do novo coronavírus. Mas não é somente por razões de saúde, claro. “Temos agora uma perspectiva, e a primeira delas passa pelas ruas. Quando a ameaça da Delta diminuir, temos de voltar às ruas. Temos de perceber o poder das ruas nesse país”, disse Dilma, durante participação na estreia do programa Elas por Elas, no canal do PT no Youtube, ontem (16).

Dilma estava se referindo às ruas enquanto espaço de poder de mobilização contra o governo Bolsonaro e de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já percorre diversos pontos do país se mostrando enquanto alternativa já reconhecida pelas pesquisas eleitorais. E também enquanto espaço de consolidação da democracia, a qual se abre para a participação na política de cidadãos, independente do sexo e do gênero – o que segundo ela é “uma pele que nos recobre”.

Misoginia

“Quando eu estava no governo, eu era delineada como alguém sem experiência anterior. A misoginia era tanta que diziam que eu não tinha tido experiência política antes, no Legislativo, e que como presidenta não conseguia me comunicar com o Congresso. (Emmanuel) Macron, (presidente da França), e João Doria (então prefeito de São Paulo pelo PSDB), sem experiência como eu, eram ‘os novos’. E eu tinha dificuldade de fazer política”, disse.

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Candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (Psol) em 2018, a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara (Psol) dividiu a mesa de debate com Dilma e a candidata a vice de Fernando Haddad (PT) em 2018, Manuela D’Ávila (PCdoB).

“O primeiro ataque de Bolsonaro foi contra uma mulher, a Mãe Terra. Disse que nenhum centímetro de terra indígena seria demarcada”, disse Guajajara. Mesmo assim, segundo ela, vem crescendo a participação de mulheres indígenas.

Em 2018, segundo ela, das 113 candidaturas indígenas, menos de 40 eram mulheres. Entre elas, a deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR), que está “fazendo uma grande diferença”. Em 2020, foram eleitas 44 para os cargos de prefeitas, vice e vereadoras. “É muito significativo. Queremos aumentar o número de candidatos e de cadeiras nas Assembleias”, afirmou Sonia. Para a liderança indígena, é preciso maior representatividade indígena também pelo bem do planeta, já que são os melhores guardiões da terra.

Força

Governadora do Rio de Janeiro de abril de 2002 a janeiro de 2003, a deputada federal Benedita da Silva (PT) lembrou que a força está com as mulheres. “Programas de transferência de renda e de habitação popular (nos governos do PT) eram controlados pelas mulheres”, mas lamentou que embora sejam a maioria no população brasileira, não estão na política de maneira proporcional.

Sob o comando da apresentadora Mariana Jacob, o programa Elas por Elas vai ao ar de segunda a sexta, às 16h. E aos sábados, às 11h, no canal da TVPT e na Rádio PT.