Crise: Dilma vê capital ‘fora de controle’

Presidenta afirma que sugerir caminhos aos europeus não se trata de “soberba”, mas do diálogo promovido por uma nação que conhece profundamente as diferentes crises

Dilma tem enfatizado a ausência de atuação política dos países para solucionar a crise (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff reafirmou, nesta terça-feira (4), a necessidade de ampliar a regulação do mercado financeiro como forma de combater a crise financeira que afeta as economias dos Estados Unidos e das nações da União Europeia. Para ela, a falta de controle sobre a forma como atuam os agentes que operam em bolsas de valores e por meio de bancos são a causa da instabilidade econômica no mundo nos últimos anos.

“As crises internacionais têm tido raiz muito grande nos fluxos de capital, que estão fora de controle. Isso tem sido fonte inesgotável de problema”, afirmou, durante conversa com jornalistas em Bruxelas, na Bélgica, após participar da abertura da exposição Europália – um dos principais festivais culturais do continente que, neste ano, homenageia o Brasil.

Ela voltou a manifestar a expectativa de que a reunião do G-20, grupo das principais economias mundiais, que ocorre no começo de novembro em Cannes, na França, sirva para encontrar um caminho de coordenação das políticas macroeconômicas nacionais.

Nas últimas semanas, em fóruns internacionais de debate, Dilma tem enfatizado a questão, apontando que falta atuação política para solucionar a crise. Na conversa com repórteres, ela ressaltou que não se trata de querer ditar caminhos a ninguém, mas de participar do debate. “Não somos juízes das ações de outros países ou de uma região”, defendeu.

“A única coisa que não se pode ter nas relações internacionais é uma certa soberba. Não se trata de convencer ninguém. Se trata de conversamos de uma forma muito objetiva sobre as experiências de cada um”, pontuou a presidenta, acrescentando que o Brasil tem uma experiência “muito complexa” em relação a crises.

Mais cedo, ao participar da cerimônia de encerramento do Fórum Empresarial Brasil – União Europeia, Dilma havia manifestado a necessidade de criar um marco regulatório que faça com que os mercados financeiros deixem de ser uma matriz de problemas para os governos. Ao mesmo tempo, ela destacou a solidez da economia brasileira, sempre ressaltando que foi superado o passado de instabilidade política e econômica.

Dilma pontuou novamente que o segredo para a superação da primeira parte da crise internacional, em 2008 e 2009, foi a aposta no mercado interno brasileiro, com distribuição de renda, criação de empregos e aumento do consumo. “Prestes a completar meu primeiro ano de governo, estou convencida de que continuamos adotando o caminho correto para enfrentar os desafios impostos pela crise financeira internacional.”

Na noite desta terça, Dilma chega a Sófia, na Bulgária, para uma viagem de dois dias, a primeira de um chefe de Estado brasileiro ao país. Além da assinatura de acordos bilaterais e de uma audiência com o presidente Georgi Parvanov, a presidenta deve visitar a cidade natal de seus parentes que emigraram para o Brasil. Na sexta-feira (7), o giro internacional é encerrado por uma passagem por Ancara, na Turquia.