CPMI do 8 de Janeiro será a pá de cal na teoria conspiratória terraplanista, diz Padilha
Ministro afirma que é “estranho” que a “CNN” tenha escondido o rosto de alguns agentes militares mostrados em vídeo vazado, mas exibido nitidamente o general Gonçalves Dias. “Vamos enfrentar esse debate político”
Publicado 20/04/2023 - 12h00
São Paulo – Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (20), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reconheceu que há uma nova situação política com o vazamento das imagens do dia 8 de janeiro de dentro do Palácio do Planalto. De acordo com ele, o governo não vê outra possibilidade senão a de que as instituições (Judiciário e Polícia Federal) continuarão apurando os atos terroristas. A intenção da oposição de criar uma CPMI para investigar o ataque à democracia passou a ser apoiada pelo governo. “A CPMI será a pá de cal na teoria conspiratória”, disse.
A nova conjuntura, que exige a instalação da CPMI, porém, “em nenhum momento afetará o calendário” de tramitação das medidas provisórias de interesse do Planalto e os trabalhos das comissões mistas instaladas para analisá-las, acrescentou. O calendário para aprovar o marco fiscal – a principal pauta do governo – será mantido e o mais rapidamente cumprido, disse.
A CPMI será uma pá de cal na narrativa conspiratória que tentam construir sobre os atos terroristas de 8/1. Nós queremos as apurações completas dos acontecimentos para combater a cultura de ódio, inflada pelo ex-presidente.
— Alexandre Padilha (@padilhando) April 20, 2023
Padilha disse que o Palácio do Planalto e suas lideranças no Congresso apoiarão e vão acelerar a instalação da CPMI. “Vamos enfrentar esse debate político que (…) tentam criar. Tentam criar uma teoria da conspiração absurda, um verdadeiro ‘terraplanismo’, de que as vítimas (o STF, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional) têm responsabilidade sobre a atuação dos terroristas”, afirmou.
Moraes dá 48 horas para PF ouvir Gonçalves Dias
Em decisão de ontem (19) divulgada nesta quinta, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para a Polícia Federal tomar o depoimento do agora ex-ministro do GSI Gonçalves Dias. Determinou ainda que sejam identificados os agentes que tiveram os rostos borrados nas imagens vazadas pela CNN Brasil e que estes também sejam ouvidos.
O ministro ordenou também a intimação “imediata” do ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, para identificar todos os servidores civis e militares mostrados no vídeo vazado.
STF já tem maioria para tornar réus 100 bolsonaristas pelo 8 de janeiro
Questionado sobre a demissão do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Padilha respondeu que sem o cargo no GSI ele terá mais condições de se defender e apresentar sua versão. “Um vídeo vazado com edição não é suficiente para destruir uma biografia. Mas tem que ser apurado não só o GDias, e sim todos os que estavam nos vídeos”, defendeu.
O ministro disse que lhe causa estranheza que, no vídeo divulgado pela CNN Brasil, alguns agentes militares têm imagens borradas “e o ex-ministro (Gonçalves Dias) não ter o mesmo tratamento”. “Por que se borra um, e não outros?” Segundo ele, o governo quer saber e a Polícia Federal vai descobrir se alguém omitiu outras imagens.
Na conversa com os jornalistas, Padilha apoiou a decisão de Alexandre de Moraes. “Está correto em ouvir Gonçalves Dias”, disse. “Estancamos o golpe do dia 8 exatamente pra que as instituições funcionem.” Exemplo disso, afirmou, foi a decisão do STF que formou maioria para tornar réus os primeiros denunciados pelo ataque terrorista de 8 de janeiro.
Leia também:
