Caso Molina fere soberania boliviana e causa ‘enorme problema’, diz Gilberto Carvalho
Governo ainda está analisando como proceder com o senador da Bolívia que fugiu para o Brasil com apoio de diplomatas e políticos brasileiros
Publicado 28/08/2013 - 14h20
Brasília – O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, disse hoje (28) que a retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina do país pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia feriu a soberania da Bolívia e causou “enorme problema” para o Brasil.
O senador, que faz oposição ao governo de Evo Morales e é acusado por vários crimes comuns, incluindo uma condenação por corrupção, estava abrigado na embaixada brasileira em La Paz há 15 meses e não obteve salvo-conduto.
“Do ponto de vista da relação entre os dois países, foi uma atitude indevida, que nos causa efetivamente um enorme problema. Agora temos que ter a sabedoria e a tranquilidade de resolvê-lo observando todos os aspectos, sem precipitações”, afirmou o ministro.
Segundo Carvalho, há um incômodo por parte do governo brasileiro em relação à situação. “Você não pode promover a retirada de ninguém de um país ferindo a sua soberania. Você tem todo o direito de pressionar, negociar, fazer discussões, mas não pode fazer isso. Há um incômodo realmente do governo brasileiro”, acrescentou Carvalho.
Ele disse que o governo precisa conhecer melhor a situação do parlamentar boliviano em seu país. “Importa fazer justiça em todos os aspectos: no que envolve o diplomata, no que envolve o senador e, particularmente, na relação com um país com o qual temos uma relação muito fraterna.”
O ministro destacou que a Bolívia tem de ser respeitada, como qualquer outro país.
“Não gostaríamos também de ser vítimas de uma situação semelhante. É muito fácil criticar a Bolívia e ter medo dos grandes. Não podemos ter esse comportamento. Todos os países merecem de nós o respeito a sua soberania”, disse Carvalho
Dilma
Durante a posse do novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, a presidenta Dilma Rousseff ressaltou que as conquistas da diplomacia brasileira são fruto da coerência e consistência de seus princípios e que o Estado brasileiro não interfere na vida de outros países e não coloca em risco a vida de cidadãos.
“Não interferimos na vida dos outros países, não colocamos a vida de quem quer que seja em risco, cidadãos brasileiros ou de qualquer nacionalidade. Adotamos rigoroso conceito de não intervenção e só aceitamos ações excepcionais em defesa da preservação de vidas humanas se passarem pelo devido escrutínio e tiverem o amparo da ONU”, disse a presidenta.
Embaixador
Já o embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, reiterou hoje (28) que aguarda explicações formais do Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, sobre o caso Molina.
O embaixador evitou comentar o desdobramento do episódio, a troca no comando do Itamaraty. “Esse é um assunto interno do Brasil. A Bolívia continua com a expectativa de manter as melhores relações”, ressaltou Talavera, que participou da cerimônia de posse do novo chanceler e cumprimentou tanto Figueiredo quanto Patriota.
As autoridades bolivianas analisam a hipótese de pedir a extradição de Pinto Molina. O senador boliviano está temporariamente em Brasília, na casa do advogado, no Lago Norte, um bairro nobre da cidade.
Com informações da Agência Brasil