Eleição no PT: Cardozo aponta menos divergências entre candidatos

Candidato da Mensagem ao Partido, ele enxerga uma ampliação das zonas de consenso em comparação com edições anteriores da eleição do PT (Foto: Marcelo Vieira/Divulgação) O deputado federal José Eduardo […]

Candidato da Mensagem ao Partido, ele enxerga uma ampliação das zonas de consenso em comparação com edições anteriores da eleição do PT (Foto: Marcelo Vieira/Divulgação)

O deputado federal José Eduardo Cardozo (SP) acredita que a maior parte das divergências entre candidatos está em questões internas da legenda.

Neste domingo (22), o PT realiza primeiro turno do Processo de Eleições Diretas (PED). A Rede Brasil Atual entrevistou cada um dos seis candidatos à presidência nacional do partido com base nas mesmas quatro perguntas.

A quarta edição da votação entre filiados define os presidentes e diretórios nacional, estaduais, regionais, municipais e zonais. A votação de cada chapa estabelece a composição do diretório de cada esfera. No caso do presidente, caso um candidato não obtenha maioria dos votos, há uma segunda votação entre os dois mais bem colocados.

Entrevista

José Eduardo Cardozo

candidato à presidência nacional do PT

Cardozo defende o fim de práticas que “amesquinham” a vida interna, como filiações em massa para ampliar o posicionamento de uma tendência dentro da disputa de forças. Isso significaria exigir um tempo mínimo de filiação para poder votar no PED. Atualmente, todos os filiados até um ano antes do primeiro turno são autorizados a votar.

Confira a entrevista:

RBA – O PT sempre se colocou como um partido que acolhe uma ampla diversidade de pontos de vista. Ainda assim, é possível apontar pontos de consenso entre as diferentes tendências?

 

Neste PED há uma ampliação das zonas de consenso. Claro que há divergências. Por exemplo, é praticamente um consenso a legitimidade e a correção da candidatura de Dilma Rousseff à sucessão do presidente Lula. Em um partido como o nosso, não é pouca coisa. Há vários consensos. A zona de divergências do ponto de vista nacional é menor do que em anteriores.

Aprovamos o código de ética no PT, que no PED passado era polêmico. Conseguimos aprová-lo no Congresso e fazê-lo. Foi aprovado por quase unanimidade na direção nacional. Hoje, quando se coloca a necessidade de implementação do código de ética, ninguém diverge, mas claro que há ênfases diferentes. Nós vemos isso como uma bandeira de fundamental importância, outros talvez não vejam com a mesma dimensão. Na organização interna estão as maiores divergências.

RBA – Quais são as principais divergências entre as propostas colocadas. Em outras palavras, o que diferencia sua candidatura das demais?

A Mensagem ao Partido vem com uma proposta de que, em primeiro lugar, é necessário que mudemos a forma de gestão e compreensão do Partido dos Trabalhadores. O modelo da atual gestão se exauriu. Temos de buscar formas de revitalização das práticas partidárias em que a direção busque mais pactuar políticas do que impor pela maioria. Temos de ter um resgate da militância pela valorização das nossas instâncias, usadas para debater e formar políticas, e não impor políticas ao conjunto do partido. Essa mudança de ótica nos dá uma dimensão bastante diferenciada da visão que vem caracterizando a gestão do PT ao longo do período em que o Campo Majoritário (atual Construindo um Novo Brasil) detém a direção.

Queremos entrar de frente no combate a certas práticas que achamos antidemocráticas e que amesquinham a vida interna. Por exemplo, o processo de filiação em massa que tem acontecido no PT como um todo. Com um reconhecimento de que isso vem sendo uma prática generalizada, pegar pessoas sem comprometimento com nosso projeto político-ideológico para servirem como instrumentos para a disputa desqualifica nossa militância e é um problema grave que temos a enfrentar. Propomos, inclusive, uma mudança no estatudo do partido, para que o filiado não ganhe, de imediato, o direito a voto. Somente após fazer algumas atividades ela ganhe esse direito. Essas questões nos diferenciam bastante da candidatura do José Eduardo Dutra, representante do Campo Majoritário.

RBA – O PED deste ano acontece com um pré-acordo já firmado nacionalmente com o PMDB para a eleição de 2010. Em sua avaliação, há aval das bases do partido para essa aliança?

Acredito que sim. O que existe é uma avaliação respaldada por grande parte da militância petista é de que, no embate nacional, vai haver dois campos claramente definidos. As forças políticas que querem a continuidade do governo do presidente Lula e aquelas que representam o conservadorismo e a visão neoliberal. Esses dois campos vão estar claramente definidos no embate. Ora, se essa é a análise, as forças que dão sustentação ao governo do presidente Lula tem de estar juntas. Portanto, é absolutamente natural que os partidos políticos que integram a base aliada do governo estejam juntos na defesa da candidatura de Dilma Rousseff como também na base do futuro governo. Dentro dessa perspectiva, me parece absolutamente natural e aceito pela grande maioria dos militantes petistas que possamos ter uma alinça com o PMDB e outros partidos da base.

RBA – Qual papel o novo presidente e a nova executiva terão na definição de alianças regionais?

Acredito que o PT é um partido nacional. Como tal, tem uma linha que deve marcar toda a atuação. Isso se define também com respeito à dimensão da realidade regional, de tal forma que não cabe à direção nacional impor políticas para as direções regionais, como aconteceu no passado com a intervenção no Rio de Janeiro com resultado desastroso. Mas não pode também a instância regional se deslocar ou inviabilizar a política nacional de alianças. Por isso, a postura tem de ser de diálogo e de construção.