Campos Machado diz que PEC vai acabar com ‘arbítrio’ e ‘prepotência’ de promotores

Bancada do PT não fecha posição sobre proposta que dá ao procurador-geral do estado, indicado pelo governador, a exclusividade da investigação sobre fatos envolvendo políticos em São Paulo

Elival da Silva Ramos, que havia sido procurador do estado no primeiro mandato de Alckmin, foi trazido de volta ao cargo em 2011 (Foto: Arquivo Palácio dos Bandeirantes)

São Paulo – O deputado estadual Campos Machado (PTB) afirma que a Proposta de Emenda à Constituição Estadual 001, de 2013, que transfere para o procurador-geral de Justiça do estado a incumbência de propor investigação contra o governador, o vice-governador, os 94 deputados estaduais, prefeitos e secretários, objetiva impedir o “arbítrio” do Ministério Público. “Hoje se noticia um fato, se destrói a reputação da pessoa e só depois se vai apurar o fato”, afirmou. Segundo o parlamentar, “há hoje um arbítrio evidente e uma perseguição constante a políticos e empresas, a todo mundo”. 

Segundo o deputado, a única coisa que muda com minha proposta é a questão da dignidade e do respeito, para que alguns promotores não possam espezinhar alguns agentes políticos. Mas o procurador-geral vai poder nomear quantos promotores quiser para investigar”, explica. O assunto esteve nos corredores e no plenário da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (23).

O PT não fechou questão sobre o tema e deve se posicionar oficialmente sobre a questão na semana que vem. Para alguns deputados petistas, porém, a PEC de Campos Machado interessa ao governador, já que o procurador-geral de Justiça é escolhido pelo chefe do Executivo estadual a partir de lista tríplice apresentada pelos membros do MP. A bancada do PT na Assembleia divulgou nota oficial, assinada pelo líder do partido, Luiz Claudio Marcolino, em que manifesta “repúdio ao posicionamento a ela atribuído” na reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo o diário, o PT já teria fechado questão em apoio à PEC de Campos Machado. “A bancada petista defende a autonomia entre os poderes” e “reconhece o importante papel do Ministério Público”, diz a nota. “Os deputados petistas não deliberaram sobre a PEC e só se pronunciarão após construírem uma sólida compreensão sobre a matéria e suas consequências”, afirma o texto divulgado. O líder do PDT, deputado Major Olímpio, afirmou apoiar a PEC.

Plenário

No plenário, os discursos foram inflamados. O deputado Carlos Giannazi, do Psol, disse que a PEC 001/2013 “é um retrocesso na luta contra a corrupção e os crimes contra o erário público”. Giannazi citou a PEC 37, que tramita no Congresso Nacional e propõe reservar a competência às investigações criminais à polícia judiciária (Civil e Federal) em detrimento do Ministério Público, como o exemplo nacional da proposta de Campos Machado em São Paulo. “As duas neutralizam o poder do Ministério Público, um dos maiores avanços da Constituição de 1988”, discursou. “Ambas são propostas contra a democracia.” 

Segundo o líder do PSOL, será realizada dia 14 de maio na Assembleia uma audiência pública para debater “as PECs da impunidade”. Campos Machado foi à tribuna e retrucou, dizendo que Giannazi “não leu o texto da PEC”. “Ela não impede o MP de apurar. Ela acaba com o arbítrio e a prepotência contra a honra das pessoas.” O petebista disse na tribuna, ainda, que os prefeitos, principalmente de cidades pequenas, são perseguidos pelos promotores em todo o estado.