Aliança democrática

Apoios recebidos por Lula, até de ex-carcereiro da PF, revelam desafios do Brasil

Apoios a Lula voltam unir Marília Arraes e João Campos em Pernambuco. Além de líderes evangélicos Waguinho e Daniela, do União Brasil, no Rio de Janeiro

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Ex-chefe do Núcleo de Operações da Polícia Federal, declarou que apoia Lula "com todo vigor no peito, diante da tragédia que estamos vivendo"

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma semana de agregar apoios em torno de sua candidatura. Entre nomes da política – inclusive adversários históricos – e artistas, Lula conseguiu hoje (8) um apoio inusitado. O agente da Polícia Federal Jorge Chastalo Filho, que ficou conhecido por ser carcereiro do ex-presidente durante sua prisão ilegal em Curitiba, declarou voto em Lula.

Ex-chefe do Núcleo de Operações da Polícia Federal, ele disse que apoia Lula “com todo vigor no peito, diante da tragédia que estamos vivendo”. Chastalo atua hoje como adido da PF em Lima, no Peru. Ao UOL, o agente defendeu que Lula “não esteve deprimido em nenhum momento da detenção e sempre foi humilde, demonstrando gratidão e respeito por cada um que esteve a seu lado”.

Lula ficou 580 dias preso na Superintendência da PT em Curitiba. Sua liberdade decorreu da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a Lava Jato incompetente e suspeita para julgá-lo. Depois disso, Lula venceu ainda outros 26 processos de perseguição contra ele na Justiça.

“A sensibilidade de sua preocupação com a pobreza, com a desigualdade social, com o bem-estar das pessoas, tudo isso se mostrou algo muito verdadeiro nele e foi algo que me marcou. Nunca o vi deprimido, na carceragem era um sujeito humilde e que sempre demonstrou gratidão e compaixão por quem estava ali com ele”, prosseguiu o ex-carcereiro da PF.

Mais apoios

Um dos maiores cabos eleitorais do Rio de Janeiro, Waguinho (União Brasil) anunciou que vai manifestar apoio a Lula nos próximos dias. Waguinho – prefeito de Belford Roxo, na baixada fluminense – é liderança cobiçada no estado, e pode se tornar contraponto na relação de um eventual governo Lula com o centrão. O apoio oficial deve vir na segunda-feira. “Falei com o comando do partido, mas minha maior probabilidade é apoiar Lula, fechar mesmo com ele. Quero a proposta dele para o País, democracia, instituições funcionando, liberdade democrática”, declarou no Twitter.

Bolsonaro obteve mais votos na baixada do que Lula. Contudo, Waguinho teve um encontro com Lula na quinta-feira. “Eu quero um país livre e Lula, para a baixada e para o Rio, foi muito melhor”, disse. Além do prefeito, a deputada mais votada do Rio, Daniela do Waguinho, deve reforçar o palanque do ex-presidente no estado. O apoio é considerado “de peso” pela campanha lulista.

“Eu sou evangélico, Daniela é evangélica, mas servimos a Jesus Cristo: não a Bolsonaro”, declarou Waguinho.

Pernambuco

Até mesmo a ruptura política e familiar entre Marília Arraes (SD) e João Campos (PSB) ficou de fora na disputa eleitoral. Campos foi eleito prefeito de Recife em 2018 em disputa contra sua prima, Marília. Agora, Marília é favorita para assumir o governo de Pernambuco. Embora sejam rivais na disputa política, ambos já declararam apoio a Lula no contexto das eleições presidenciais. A disputa pelo governo segue republicana, com Marília declarando pesar e companheirismo publicamente para sua rival no segundo turno, Raquel Lyra (PSDB), que perdeu seu marido no dia do primeiro turno.