"Apoio total"

Lula a Simone: ‘Precisamos de você para ajudar a reconstruir o Brasil’

“Vou estar nas ruas, nas praças, nos comícios, porque o povo brasileiro merece um governo que ame seu povo”, disse Simone

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Terceira colocada no primeiro turno, Simone prometeu "apoio total" a Lula

São Paulo – O candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se reuniu nesta sexta-feira (7) com a senadora Simone Tebet (MDB-MS), apoiadora de sua campanha. A ex-candidata, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições, disse que as diferenças entre ela e o ex-presidente são “infinitamente menores” do que os pontos em comum neste momento. “Estamos aqui reunidos porque o que nos une é o nosso amor mais profundo ao Brasil, o nosso respeito incondicional à democracia, aos valores e princípios estabelecidos na Constituição”, afirmou.

Lula agradeceu o apoio e foi enfático ao afirmar que precisará da participação de Simone Tebet para “reconstruir o Brasil”. “Não será só um partido político, não será um agrupamento ideológico, não será apenas uma parte da sociedade brasileira. Todos os brasileiros e brasileiras de bem, todas as pessoas que amam a democracia, todas as pessoas que amam a repartição da riqueza de um país têm que participar desse processo”, disse Lula.

Desse modo, Lula afirmou que o Brasil “ganhou” com a campanha de Simone, e que a sua participação na disputa eleitoral servirá de exemplo na luta pela igualdade entre homens e mulheres no país.

Ele garantiu que, se eleito, vai regulamentar um dos princípios da Constituição que estabelece que homens e mulheres que ocupem a mesma função devem receber salários iguais. Essa também é uma das principais bandeiras da candidata.

Acordo programático

Por sua vez, Simone citou outras propostas de sua campanha que foram incorporadas ao programa de Lula. Na educação, por exemplo, um “olhar especial” para a primeira infância, escolas em tempo integral. Além de uma “bolsa” para os estudantes que se formarem no ensino médio. Na saúde, o compromisso é zerar as filas de exames e cirurgias que estão atrasadas por conta da pandemia. E reforçar o financiamento público para hospitais regionais, filantrópicos e Santas Casas.

Lula também se comprometeu a renegociar as dívidas das famílias que ganham até três salários mínimos. Por fim, a candidata também reivindicou um ministério com “a cara do povo brasileiro”, com maior participação de mulheres, negros e pessoas com deficiência.

Endividamento das famílias bate novo recorde e chega a 79%

A senadora celebrou a adesão de Lula a essas propostas. “Quero dizer que o senhor entrega para mim nesse momento, como cidadã, como mulher e como mãe, o Brasil que eu sonho para os meus filhos e para os filhos e filhas do Brasil.”

Nesse sentido, Simone Tebet disse que Lula terá não apenas o seu voto, mas compromisso e “apoio total” à sua campanha, bem como ao seu futuro governo.

Campanha

Questionado sobre a participação da nova aliada na campanha, Lula afirmou que a senadora vai contribuir “como ela quiser”. Seja nas ruas, nas redes ou no programa eleitoral, do qual a ex-candidata já participou hoje. Em resposta, Simone foi ainda mais enfática. “Eu vou estar nas ruas, nas praças, nos comícios, porque o povo brasileiro merece um governo que ame seu povo, que se importe com ele.”

Lula também disse que vai precisar do apoio de Simone Tebet para acabar com o orçamento secreto. A ex-candidata fez duras críticas ao esquema montado pelo governo Bolsonaro para garantir maioria parlamentar no Congresso Nacional. Ela citou, como exemplo, que Bolsonaro tirou cerca de 90% das verbas do programa Casa Verde e Amarela, na faixa voltada para a população que ganha até um salário mínimo.

Também reduziu em cerca de 60% o orçamento do programa Farmácia Popular, que distribui medicamentos essenciais gratuitamente ou a baixo custo. Da mesma forma, criticou o mais recente corte de 2,4 bilhões de reais nas verbas do Ministério da Educação, colocando em xeque o funcionamento de universidades e institutos federais.

Todos esses recursos foram desviados para as chamadas “emendas de relator”, que abastecem o orçamento secreto. “se fosse bom para a sociedade, não precisaria ser secreto. Poderia ser muito divulgado para que todo mundo soubesse”, criticou Lula.

“Sem alma, sem coração e sem empatia”

Apesar do apoio de Simone, Lula ressaltou que derrotar Bolsonaro não será “tarefa fácil”. “Não estamos diante de um adversário qualquer. Não estamos lutando contra um político normal, daquele que a gente estava acostumado a combater”, afirmou o ex-presidente. “Estamos diante de um homem sem alma, sem coração, que não teve a sensibilidade de derramar uma única lágrima pelas mais de 680 mil vítimas da covid”, criticou.

Como senadora e integrante da CPI da Covid, Simone disse que testemunhou a “insensibilidade” do atual presidente. “Eu vi o presidente negar vacina, negar vida para milhares de brasileiros. Vi um governo, através da dor, tentar extrair vantagem ilícita numa tentativa de esquema de corrupção de compra de vacinas superfaturadas. Ao mesmo tempo, vi esse presidente andar em motociatas e não ser capaz de entrar no hospital para abraçar uma mãe que perdeu o seu filho.”

Assim, finalizou a emedebista, Bolsonaro “não sabe se colocar no lugar do outro” e “não sente a dor do povo brasileiro”. “Estamos diante de um presidente que não tem empatia”, acrescentou.


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