Debate eleitoral

Alckmin é o ‘Sérgio Cabral que não foi preso’, ironiza Boulos

Marina e Haddad divergem sobre o impeachment. 'Quem botou o Temer lá foram vocês. Temer traiu a Dilma', disse o petista

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Boulos a Alckmin: ‘Dei aula durante o seu governo. Falta giz, papel higiênico, professor é desvalorizado. O Ideb mostrou o resultado desastroso’

São Paulo – Logo no início do debate promovido na noite desta quarta-feira (26) pela STB, em conjunto com a Folha de S. Paulo e o UOL, houve um ataque direto do candidato Guilherme Boulos (Psol), primeiro a perguntar, a Geraldo Alckmin (PSDB). Boulos lembrou ter sido professor durante a gestão tucana em São Paulo, disse que faltava giz na sala de aula e papel higiênico nos banheiros, falou em “resultado desastroso” na gestão, citando o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) de 2017, e perguntou sobre “o dinheiro da merenda” (escolar), referência a escândalo recente envolvendo o governo estadual paulista.

O ex-governador disse que o estado cresceu  no primeiro e no segundo ciclo, perdendo (pouco, segundo ele) no ensino médio, afirmou que São Paulo tem a “melhor rede de ensino técnico da América Latina” e “as melhores universidades do país”. E afirmou que nenhuma escola foi fechada: “Tínhamos 5 milhões de alunos, hoje temos 3,6 milhões. Há uma mudança demográfica. Precisamos aproveitar esse prédio para a pré-escola, para a Emei, onde faltam vagas.”

Na réplica, Boulos lembrou que ele não havia respondido sobre a merenda e citou outros escândalos, como o “trensalão”, o rodoanel e o Metrô. Fechou com ironia, ao fazer referência ao ex-governador do Rio de Janeiro: “O sentimento é que você é o Sérgio Cabral que não está preso”. 

“Esse é o nível”, reagiu um irritado Alckmin. “Tenho 40 anos de vida pública. Não invadi propriedade… A merenda escolar fomos nós que descobrimos. Estelionatários que foram punidos, nada a ver com o governo.”

O governador não comentou o fato de o fechamento de escolas ter sido impedido por uma onda de ocupações histórica dos estudantes, de a CPI da Merenda ter sido comandada por sua base na Assembleia Legislativa e de a maioria das suspeitas de corrupção nos governos do PSDB em São Paulo (1995-2018) não terem sido investigadas.

Na sequência, Ciro escolheu Haddad para fazer a pergunta, relacionada a um necessário conhecimento que um presidente deve ter da “diversidade profunda do país”. O petista lembrou de seu período como ministro da Educação. “Talvez eu tenha sido dos ministros do governo Lula que mais andou pelo país”, afirmou, citando números da gestão e afirmando que o Brasil tem 2.800 obras – que serão retomadas. 

Ciro, Haddad e Daciolo, mais adiante, falaram explicitamente em revogação da Emenda Constitucional 95, de congelamento de gastos públicos. Segundo o candidato do PDT, ao mesmo tempo ficou livre “o dinheiro da banqueirada, que está mandando na política brasileira”. Boulos também falou sobre “o bolsa banqueiro”, com pagamento anual de R$ 400 milhões para pagamento de juros da dívida pública. “Dinheiro tem, mas está mal distribuído e não chega onde tem que chegar”, afirmou.O candidato defendeu referendos pela revogação das “reformas” trabalhista e do ensino médio.

Quase no final do primeiro bloco, Haddad e Marina tiveram um enfrentamento mais duro. Ao responder uma pergunta, a candidata da Rede disse que PT, PMDB e PSDB estavam “na mesma vala comum da corrupção” e acrescentou que Michel Temer foi colocado no governo pelos petistas. Haddad devolveu: “Quem botou o Temer lá foram vocês. Temer traiu a Dilma e não conseguiria chegar à Presidência se não fosse pelo apoio da oposição.”

Alckmin também foi ironizado por Meirelles. “O estado de São Paulo deve finalmente completar a Linha 5 do Metrô. O problema é que isso demorou 20 anos”, afirmou. “São Paulo é o estado que mais investe hoje no Brasil”, reagiu o tucano. “Pegamos o metrô com 69 quilômetros e vai terminar com praticamente 100 quilômetros. (…) Tenho um grande projeto para infraestrutura, que é emprego na veia.”

O emedebista usou a réplica para exaltar sua “eficiência”, afirmando, por exemplo, ter pago a dívida brasileira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) – era presidente do Banco Central no governo Lula. Também atribuiu a si o aumento do nível de reservas internacionais, a queda da inflação e a criação de empregos. “Vamos fazer as reformas, trazer de volta a confiança”, rebateu Alckmin.

Boulos pergunta a Daciolo sobre as mulheres, que segundo o candidato serão prioridade em seu governo, como são em sua família. Elas representarão 50% em cada ministério, garantiu, antes de fazer uma declaração de amor à mãe e à mulher, presentes ao debate. “A gente já estava com saudade de você no debate”, brincou o candidato do Psol, pedindo, além de amor, apoio à luta das mulheres. “Elas são maioria e vão salvar o país do atraso”, acrescentou, referindo-se aos movimentos contra Jair Bolsonaro.

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