Golpistas

Máscara do agressor ter caído não é surpresa, diz pai de Alexandre Padilha

Pai de ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff, insultado por empresário que aparece em citações da delação premiada da família Machado, diz que 'uma das características desse pessoal é a hipocrisia'

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Empresário Danilo Amaral, que agrediu Alexandre Padilha, ao lado do deputado Roberto Freire (PPS)

São Paulo – Em reportagem na revista Piauí de ontem (21), Julia Duailibi revelou que o agressor do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, Danilo Amaral, aparece em 18 citações da delação premiada da família de Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro.

O pai de Alexandre Padilha, Anivaldo, preso e torturado pelo Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo, em 1970, diz que a informação não foi surpresa. “A bandeira da corrupção foi apenas uma desculpa desse pessoal que foi para a rua para levar a efeito o golpe de Estado que está ainda em curso. Uma das características desse pessoal é a hipocrisia. Nenhum deles tem autoridade moral para fazer crítica ou denúncia de corrupção, porque eles são corruptos. A máscara dele ter caído agora para mim não foi surpresa”, diz.

“À medida que mais revelações venham à tona e mais máscaras caiam, grande parte da população começa a reconhecer isso. Espero que grande parte da classe média que participou ou foi levada a achar que estava lutando contra a corrupção abra os olhos agora, e perceba que foi vítima de uma armadilha”, afirma. “Um grupo dessas pessoas é imbuído de uma ideologia de intolerância, quase fascista, e não tem conserto. Mas outras pessoas que entraram nisso de forma ingênua estão recuando, tanto é que acho que muita gente está com vergonha de ter ido às manifestações contra o governo.”

Danilo Amaral não será o último a perder a “máscara”, acredita Padilha. “À medida que a operação Lava Jato vai progredindo, esse pessoal todo vai ser pego”. Ele cita o fato de que três dos ministros do governo provisório de Michel Temer estão entre os envolvidos em denúncias e perderam o cargo. Deixaram suas pastas Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência).

Segundo a reportagem de Julia Duailibi, Danilo Amaral é sócio da Trindade, que consta da delação premiada de Expedito Machado, o Did, filho caçula do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. A Trindade, diz a matéria, aparece 65 vezes na delação e foi usada para lavar dinheiro do “petróleo”.

Demonização

Padilha acredita ser extremamente perigosa a ideia atualmente disseminada de que político é sinônimo de corrupção. “A grande mídia e lideranças de partidos, principalmente Aécio Neves, Fernando Henrique, Serra, Aloysio Nunes Ferreira, estão numa campanha tão violenta desde 2014, com apoio da mídia, que acabam por demonizar a política. Isso pode levar grande parte da população a ficar totalmente desiludida e achar que os políticos são todos iguais, se afastar da politica e criar um vazio”, avalia.

Esse vazio, para ele, abre espaço para o surgimento de oportunistas ou extremistas como Bolsonaro e outros. “Espero que a gente não chegue a essa situação, mas é um risco que corremos. Por isso temos de lutar contra o golpe e mostrar caminhos democráticos para sair da crise.”

No dia da agressão a Alexandre Padilha, em maio do ano passado, em um restaurante em São Paulo, Danilo Amaral fez o seguinte discurso: “Temos a ilustre presença do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que nos brindou com o programa Mais Médicos, da presidente Dilma Rousseff, responsável por gastos de R$ 1 bilhão que nós todos otários pagamos até hoje. Uma salva de palmas para o ministro.”