50 anos

Missa na Sé, ato na USP, livro e exposição lembram assassinato de Alexandre Vannucchi

Estudante de Geologia na USP, ele tinha 22 anos em 1973 quando foi sequestrado e levado para o DOI-Codi de São Paulo, onde morreu sob tortura

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA
Morto pela ditadura em 1973, estudante dá nome a praça em Sorocaba, onde nasceu

São Paulo – O mês de março terá várias atividades em memória do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura há 50 anos. No dia 17, por exemplo, haverá celebração na Catedral da Sé, na região central de São Paulo. Pouco antes, está previsto ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Alexandre cursava Geologia na USP. Além disso, o Instituto Vladimir Herzog lançará a exposição virtual Eu só disse o meu nome. Este é também o título do livro escrito (e entrará em pré-venda) pelo jornalista e professor Camilo Vannuchi, primo em segundo grau de Alexandre.

A missa na Sé deverá ser celebrada pelo bispo de Mogi das Cruzes, dom Pedro Luiz Stringhini, e por dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC). Aos 90 anos, dom Angélico participou do ato ecumênico realizado em outubro de 1975 após a morte do jornalista Vladimir Herzog. Há alguns anos, ele sugeriu que o trecho da rodovia Castello Branco que liga São Paulo a Sorocaba passasse a se chamar Alexandre Vannucchi Leme. O estudante nasceu naquela cidade do interior paulista, onde há uma praça com seu nome.

Mais velho de seis filhos, ele tinha 22 anos – completaria 23 em outubro – quando foi sequestrado e levado para o DOI-Codi de São Paulo. Em texto publicado no Jornal da USP, Camilo lembra que apenas dois meses antes Alexandre passara por cirurgia emergencial para retirada do apêndice. “Quando o cerco se fechou em torno dos estudantes da USP que mantinham algum grau de colaboração com a ALN (Ação Libertadora Nacional), qualquer grau, a combinação de fatores mostrou-se fatal. Torturado nos dias 16 e 17 de março, Minhoca não resistiu.” Minhoca era o apelido de Alexandre.

Morto sob tortura

Amigos e familiares acreditam que ele sofreu hemorragia interna no local da cirurgia, sendo levado de volta à cela depois das torturas. Segundo testemunhos de presos, teria dito: “Meu nome é Alexandre Vannucchi Leme. “Sou estudante de Geologia. Me acusam de ser da ALN. Eu só disse o meu nome”. Morreu horas depois.

A ditadura tentou esconder a natureza do crime. E até o corpo de Alexandre. Dias depois do assassinato, o regime militar divulgou a falsa notícia de morte por atropelamento após tentativa de fuga. O corpo foi coberto de cal e enterrado como indigente. Dez anos atrás, a Comissão de Anistia o reconheceu como anistiado post mortem.