Eleições 2022

Com Boulos, Lula dá sequência a agenda por ampliação de frente democrática

Nesta terça-ex-presidente encontrou com líder do PSOL e do MTST. Ontem, o encontro foi com Renan Calheiros, que apoia Lula apesar de MDB ter Simone Tebet

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Para Boulos, apoio a Lula no primeiro turno é a união para derrotar Bolsonaro e o Brasil voltar a respirar

São Paulo – Nesta terça-feira (1º), em encontro com Guilherme Boulos (Psol), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu prosseguimento à sua agenda de reuniões com líderes políticos, no esforço de ampliar o mais possível o leque da frente que pretende vencer as eleições e encerrar de vez a era Bolsonaro. “Hoje conversei com meu amigo Guilherme Boulos sobre a situação do país e os próximos passos da caminhada para recuperarmos um governo democrático e um projeto social e soberano para o Brasil”, escreveu Lula no Twitter.

Na mesma rede, Boulos também comentou o encontro. “Conversei hoje com Lula. 2022 é o ano de colocar os milicianos para fora do Palácio do Planalto”, postou o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Pré-candidato ao governo de São Paulo, Boulos afirmou hoje ser a favor de se buscar a unidade da esquerda, mas ressalvou: “Não cabe só a mim fazer isso. Depende dos outros partidos”.

As articulações de Lula envolvem não apenas lideranças de esquerda e centro-esquerda, mas também, setores do centro e mesmo a chamada direita democrática. Ontem, o ex-presidente encontrou-se em São Paulo com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o filho do parlamentar e governador de Alagoas, Renan Filho.

Um das maiores lideranças da política nordestina, Renan é declarado apoiador de Lula, apesar de seu partido ter pré-lançado a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência. Renan e Simone foram importantes protagonistas da CPI da Covid em 2021. Em uma das oitivas realizadas pela comissão, Simone afirmou que nunca votou na esquerda.

“Tivemos uma conversa com o presidente Lula sobre democracia, institucionalidade, economia e eleição. Inclusive a última, que elegeu Bolsonaro e quebrou o Brasil. Pessoalmente, defendo que, se o MDB não tiver um candidato competitivo, é mais consequente uma aliança com Lula”, disse Renan ontem (31).

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Alckmin e PSB

Também ontem, segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) afirmou ao presidente do PSB paulista, Jonas Donizete, que o “caminho natural” da sua filiação partidária é o PSB. Porém, Donizete disse ao blog que o partido pretende decidir-se sobre o assunto apenas em março.

Ainda na noite de ontem, os presidentes de PT (Gleisi Hoffmann), PSB (Carlos Siqueira), PCdoB (Luciana Santos) e PV (José Luiz Pena), junto com dirigentes e assessores jurídicos dos quatro partidos voltaram a se reunir para dar andamento ao debate sobre a possível concretização de uma federação partidária de esquerda. As legendas estão dispostas a “seguir trabalhando para construir unidade política”, afirmou o PT em seu site. A próxima reunião será na quarta da próxima semana (9). Até lá, “serão realizados debates internos sobre o projeto de unidade”, disse o PCdoB. Nesta quarta-feira (2), na primeira sessão de julgamento de 2022, o Supremo Tribunal Federal deve decidir sobre a legalidade das federações partidárias.

Os partidos de oposição querem que o prazo para obter o registro das federações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seja prorrogado para agosto. Hoje, a data limite é 2 de abril. A decisão pode ser do TSE.