'PRESIDENTE DE BOTECO'

CPI da Covid aprova pedido de suspensão de Bolsonaro das redes sociais

Senadores encaminharão ao STF mentiras do presidente da República para investigação em inquérito sobre fake news

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Solicitação é motivada após o presidente da República associar, de maneira mentirosa, a vacina contra covid-19 ao desenvolvimento do vírus da Aids

São Paulo – Antes da leitura do relatório final, a CPI da Covid aprovou requerimentos que pedem a quebra de sigilo telemático das redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, além da suspensão de suas contas e uma retratação. A solicitação, feita nesta terça-feira (26), é motivada após o presidente da República associar, de maneira mentirosa, a vacina contra covid-19 ao desenvolvimento do vírus da aids.

A CPI também aprovou o encaminhamento de informações sobre o episódio ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e o senador Eduardo Braga (MDB-AM) também vão encaminhar recomendação para que o Congresso Nacional se posicione sobre o tema.

“Presidência é uma instituição, não é um cargo de boteco. Como o presidente que se reporta ao povo brasileiro baseado em estudo que não tem cabimento nenhum, quando estamos implorando para a população se vacinar?”, questionou Aziz.

Ainda durante o início da reunião da CPI da Covid, senadores apresentaram alguns pedidos ao comando da comissão. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) fez um apelo ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), para inclusão no relatório do crime de genocídio de povos indígenas. De acordo com o senador, mais de 1,2 mil indígenas perderam a vida na pandemia, pelas políticas criminosas do governo Bolsonaro.

“O crime de genocídio de indígenas é um grupo específico e podemos imputar dois crimes: contra a humanidade e também o genocídio de povos indígenas. Temos inúmeros documentos provando a omissão do governo federal, que só agiu após determinação do Supremo. Então, faço mais um apelo para que coloque isso no relatório, pois 1.200 indígenas perderam a vida. Se o Ministério Público entender que o crime contra humanidade absorve o crime de genocídio, vou entender”, defendeu o parlamentar.

Início dos votos

Aziz determinou que a leitura dos votos em separado seja feita em 15 minutos, com tolerância de mais cinco minutos. Quem abriu a leitura foi senador governista Eduardo Girão (Pode-CE). Apesar de defender o presidente da República, o parlamentar disse que Bolsonaro poderia ter dado exemplo ao incentivar e usar a máscara em público, além de evitar aglomerações.

Em seu voto ao relatório da CPI da Covid, Girão afirmou que Bolsonaro não teve uma postura de assumir a coordenação das ações, muito menos foi sensível às perdas do povo brasileiro e solidarizando-se com os familiares. “É bem verdade que a antecipação do pleito eleitoral, marcadamente pelas lamentáveis e desastradas posturas do governador de São Paulo, contribuiu para as escolhas do presidente. Mas, mesmo neste contexto, foi negativa e reprovável a sua atuação”, criticou.

Em seguida, Marcos Rogério (DEM-RO), também defensor das ações do governo na pandemia, leu seu voto. Diferente do antecessor, Rogério criticou a condução da CPI e o Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu Bolsonaro e pediu uma punição a estados e municípios.

Na versão atualizada do parecer final, Renan ampliou a lista de sugestões de indiciamentos. O número subiu de 68 para 78 pessoas e empresas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro.

*Com informações da Agência Senado


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