INVESTIGAÇÃO

Empresário investigado pela CPI da Covid tem transações suspeitas com carros de luxo

Operações realizadas em Brasília por Francisco Maximiano indicam possível crime de lavagem de dinheiro

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado
CPI da Covid está investigando empresário que representava vacina indiana Covaxin

São Paulo – O empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, usa suas empresas para transações suspeitas envolvendo carros de luxo em Brasília. O movimento feito pelo empresário, um dos principais investigados pela CPI da Covid no Senado, está descrito em RIF (relatório de inteligência financeira) enviado à comissão. As informações são de reportagem de Vinicius Sassine, Julia Chaib e Renato Machado na Folha de S.Paulo.

A Precisa representava no Brasil o laboratório indiano Bharat Biotech, que desenvolveu a vacina Covaxin. Maximiano foi convocado para prestar depoimento na CPI da Covid, o que deveria ter ocorrido nesta semana. Mas os advogados do empresário pediram à CPI prazo de 14 dia para que ele possa comparecer. Segundo a defesa, esse tempo é necessário para que ele passe por uma quarentena, visto que estava em viagem à Índia. O pedido é para que ele seja ouvido depois do dia 17 de agosto.  

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Os RIFs são elaborados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e descrevem movimentações financeiras atípicas, o que ajuda a subsidiar investigações do crime de lavagem de dinheiro.

As transações do empresário com carros de luxo, detectadas pelo Coaf, envolvem duas empresas de ‘Max’, como é conhecido. Uma é a própria Precisa. A outra é a 6M Participações, um empreendimento que tem capital de apenas R$ 500, conforme os registros públicos da Receita Federal.

O Coaf, no caso da Precisa, descreve movimentações suspeitas que somam R$ 22 milhões. Já o uso da 6M envolve transações de R$ 33 milhões. Estes são os valores relacionados somente às análises a partir de setembro de 2020 e que incluem os negócios com empresas de carros de luxo.

As transações de Maximiano passam pela 4 Boss Brasil Comércio e Locação de Veículos, uma empresa com capital de R$ 80 mil, que funciona na área do aeroporto de Brasília. O Coaf detectou um depósito de R$ 219 mil da 4 Boss à Precisa no primeiro semestre deste ano.

A transação foi considerada suspeita por não haver nenhuma relação entre o ramo de atividade da Precisa Medicamentos e os ramos da 4 Boss, que vende carros de luxo, faz serviços de lanternagem, comercializa peças automotivas, aluga imóveis e carros com motorista, organiza feiras e oferece serviços de bar, lanchonete e casa de chá, conforme informado à Receita.

O RIF aponta uma segunda origem de recursos, no valor de R$ 400 mil, também relacionada a carros de luxo. Neste caso, a empresa envolvida é a HVM Comércio e Locação de Veículos, e o destino do dinheiro foi a 6M Participações. A remessa ocorreu entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021.

A HVM não tem uma sede física. O endereço que consta na Receita e as atividades desenvolvidas são os mesmos da 4 Boss.