3º dia de guerra

Sartori mantém repressão a manifestantes e Assembleia aprova extinção de órgãos públicos

Em votação desde segunda-feira (19), pacotaço de Sartori extinguiu fundações e secretarias. Fim de autarquias e vendas de empresas seguem na lista de medidas

Twitter/Sul21

Balões pretos representam as nove fundações extintas pelo pacote de medidas

São Paulo – O “pacotaço” do governador José Ivo Sartori (PMDB) continuou hoje (21) na pauta da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Enquanto parte dos servidores era provocada por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) nas galerias do plenário, manifestantes foram atacados diversas vezes do lado de fora, pela tropa de choque da Brigada Militar.

Como acontece desde segunda-feira (19), são usados spray de pimenta, balas de borracha e bombas de gás e de efeito moral. Num clima tenso, trabalhadores chegaram a ficar a menos de um metro de distância da tropa de choque da Brigada. Após receber bombas, eles voltaram para a frente da tropa e retiraram as grades que os separavam dos policiais. A assembleia acabou cercada pela polícia.

Em meio aos ataques da Brigada, servidores soltaram balões pretos com os nomes das fundações extintas ou em vias de extinção.

Pela pauta de hoje, deverão ser votados projetos que tratam da extinção da Companhia Riograndense de Artes Gráficas (Corag), que entre outras coisas imprime o Diário Oficial, Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) e a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps), que produz soros antiofídicos, entre outros insumos. Com a votação da terça-feira (20), que avançou pela madrugada de hoje, foram extintas oito fundações.

“Nunca imaginei que passaríamos por isso”, disse a dirigente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul (Semapi), Mara Feltes.

“Essas fundações extintas são enxutas e não estavam sucateadas. Pelo contrário, foram valorizadas e fortalecidas no governo de Tarso Genro. E os projetos não são claros. Não sabemos ao certo o que vai acontecer.”

O Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul divulgaram nota conjunta em que apontam a falta de fundamentação técnica no pacote do governo.

“Aprovado, haverá esfacelamento do capital intelectual acumulado em diversas gerações e institutos com tecnologia e conhecimento científico construídos ao longo de décadas, que contribuem para o desenvolvimento.”

As entidades lamentaram a extinção do Cientec, que desenvolve pesquisa de alta complexidade, congregando corpo de servidores extremamente qualificados, e a Fepagro, com pesquisas na área de alimentos. E criticaram a privatização de empresas superavitárias, como a Companhia Estadual de Energia Elétrica do RS (CEEE), Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Sulgás e extinção da SPH.

O pacote de Sartori inclui 26 projetos, entre eles a extinção de três secretarias – Esporte, Justiça e Direitos Humanos e Planejamento –, a extinção a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Investimento e de nove fundações, além de autarquias e medidas contra os direitos dos servidores, como o fim do prazo para o pagamento do 13º salário, a extinção da licença-prêmio, novas regras para o tempo de serviço e a suspensão da remuneração de trabalhadores cedidos a sindicatos.