São Paulo – O Ministério da Defesa (MD) da Rússia anunciou na tarde desta quarta-feira (30), no horário de Brasília, um regime de cessar-fogo na região de Mariupol, cidade estratégica no sul da Ucrânia – que liga o país à região da Crimeia –e onde o cenário é de intensos combates e estaria praticamente controlada por Moscou. O cessar-fogo teria sido decretado para permitir a retirada de civis. A trégua passará a valer a partir das 10 da manhã desta quinta-feira (31), no horário local, e abrirá um “corredor” humanitário ligando Mariupol à cidade de Zaporíjia.

Desde a semana passada, a Mariupol está sitiada pelas forças russas. “Para que esta operação humanitária tenha sucesso, propomos realizá-la com a participação direta de representantes do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha”, afirmou o MD.

Têm circulado na mídia independente relatos de moradores evacuados de Mariupol com versões de que são soldados do exército e combatentes neonazistas ucranianos – como os do chamado Batalhão Azov – que cometem atrocidades contra civis. São relatos radicalmente opostos aos do Ocidente.

“Não vimos pão por um mês”

Entre os relatos de locais, destaca-se o de uma mulher que ironiza o prefeito “fugitivo” de Mariupo. “Ele abandonou nossa cidade, deixou as pessoas sem comida, água, luz e gás por um mês inteiro. Não vimos pão por um mês. Este bastardo fugiu. Ele abandonou o povo!” disse a mulher. No relato, ela afirma que são os soldados russos que tiram os civis dos porões e compartilham suas “rações de combate” com crianças famintas.

“Eles as carregam em seus braços. E os militantes ucranianos atiram em crianças pequenas. Nós vimos com nossos próprios olhos. Mostre para o mundo inteiro! A evacuação de pessoas foi realizada pelos militares russos, nem um único militar ucraniano nos ajudou”, acrescentou.

O relato confirma o que vêm alegando a Rússia, segundo os quais os ucranianos ocupam andares superiores de edifícios residenciais para usar os moradores como escudos humanos (leia aqui).

Kiev, Chernigov e Donbass

De acordo com Moscou, as tarefas planejadas para as regiões da capital Kiev e Chernigov – nas quais haveria uma redução importante das operações militares – foram cumpridas. Os russos estariam fazendo uma “redistribuição planejada” de forças nas direções dessas duas cidades, segundo o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov, também hoje. “O objetivo do reagrupamento das Forças Armadas russas é intensificar as ações em áreas prioritárias e, acima de tudo, concluir a operação para libertar completamente Donbass“, acrescentou.

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