Oposição a Kadhafi pede apoio da ONU para adoção de reação aérea contra ataques

Tribunal Penal Internacional (TPI) informou que vai abrir uma investigação sobre possíveis crimes contra a humanidade cometidos na Líbia

A oposição ao presidente da Líbia, Muammar Kadhafi, pediu nesta quarta-feira (2) que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) autorize uma reação militar aos ataques atribuídos às forças de segurança ligadas ao governo líbio. Os oposicionistas afirmam rejeitar a adoção de intervenção internacional na Líbia. Segundo eles, há diferenças entre reações aéreas e intervenção militar.

Na tarde desta quarta, a Agência Lusa informou que a Força Aérea Líbia estava atacando rebeldes na periferia da cidade de Brega, entre Benghazi e Trípoli. Nas últimas horas, tem havido combates em diferentes áreas da cidade, e, segundo relatos feitos por telefone em Brega, as forças enviadas por Kadhafi estariam cercadas no campus da universidade e no complexo industrial. Não teria havido  vítimas. As forças rebeldes estão usando armamentos pesados e baterias antiaéreas contra os aviões.

“Em decorrência de seu caráter defensivo, o nosso Exército não pode lançar ataques contra os mercenários”, afirmou o porta-voz do grupo, Adbelhafiz Hoga. “É diferente um ataque aéreo estratégico em comparação a uma intervenção estrangeira, que rejeitamos”, acrescentou.

O pedido da oposição, no entanto, tem um tom de apelo, pois não foi apresentado formalmente às Nações Unidas. O porta-voz da oposição solicitou o reconhecimento, pela organização, do conselho, instaurado pelos oposicionistas com base em Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia. Ele pediu ainda que a ONU não reconheça os representantes diplomáticos líbios que estão no exterior.

Segundo Hoga, o conselho da oposição é formado por 30 integrantes que representam todas as regiões da Líbia, incluindo cinco jovens, que participaram das manifestações que começaram no último dia 15.

Uma eventual intervenção internacional na Líbia divide posições na ONU em decorrência das consequências que a decisão venha a provocar nos países muçulmanos. O assunto é tema hoje de mais uma reunião dos representantes de 28 países que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A hipótese considerada viável é a de adoção de uma zona de exclusão aérea. No entanto, os líderes dos Estados Unidos e da Inglaterra defendem medidas mais duras.

Tribunal penal

O Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, na Holanda, informou também nesta quarta-feira (2) que vai abrir uma investigação sobre possíveis crimes contra a humanidade cometidos na Líbia. Denúncias de bombardeios a manifestantes e de sepultamento de pessoas vivas são as motivações da ação.

Nesta quinta-feira (3), o promotor do tribunal, Luis Moreno Ocampo, pretende revelar os nomes dos  investigados. O gabinete do promotor está se unindo à ONU, à União Africana e à Liga Árabe. Após a fase de investigações, as conclusões serão levadas aos juízes que integram o tribunal. Os magistrados decidirão se vão emitir mandados de prisão com base nas provas apresentadas.

A estimativa, segundo organizações não governamentais, é que cerca de mil pessoas morreram nos conflitos entre manifestantes e policiais na Líbia. De acordo com dados recentes, o Leste do país está sob controle de forças contrárias ao regime. Os ativistas contra Kadhafi fizeram de Benghazi, a segunda maior cidade do país, sua capital.

Fonte: Agência Brasil