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Lula reforça compromisso com a paz e celebra acordo no Oriente Médio durante encontro do G20

Em discurso ao G20, grupo que o Brasil ocupa a presidência a partir de dezembro, Lula reforçou os compromissos brasileiros com o planeta

Reprodução/Youtube
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Lula sempre defendeu o fim da guerra. Por isso, sofre críticas de setores ligados ao sionismo e ao grande capital

São Paulo – Israel e o Hamas anunciaram uma trégua de quatro dias para libertação de prisioneiros de ambos os lados. Então, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou o avanço no diálogo humanitário na região. Lula falou sobre o tema hoje (22) em reunião virtual do G20, bloco das maiores economias globais do qual o Brasil ocupará temporariamente a presidência a partir de dezembro. “Quero saudar o acordo anunciado hoje entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns em troca de uma trégua temporária”, disse.

Já são mais de 11 mil mortos palestinos, além de pelo menos 2 mil desaparecidos, provavelmente soterrados nos escombros da investida israelense. Lula sempre defendeu o fim da guerra. Por isso, sofre críticas de setores ligados ao sionismo e ao grande capital, que defendem o massacre da população palestina. Incluindo mulheres e crianças, que são mais de 60% dos habitantes da região. Então, o presidente brasileiro reforçou sua visão por paz e maior efetividade e respeito das resoluções da ONU.

“Esse conjunto de desafios vai exigir vontade política e determinação por parte de governantes e dirigentes de todos os países e organismos internacionais. Por meio do diálogo, temos de recolocar o mundo no caminho da paz e da prosperidade”, disse o presidente. O Brasil, ocupando temporariamente a presidência do Conselho de Segurança da ONU, aprovou quase por unanimidade uma proposta de paz no Oriente Médio. Contudo, os Estados Unidos, historicamente a serviço de Israel, foram contrários. Herança da Guerra Fria, os norte-americanos concentram poder de vetar qualquer resolução do órgão.

O discurso de Lula

Sobre o papel do Brasil à frente do bloco, Lula garantiu dedicação a questões centrais já adiantadas durante encontro anterior em Nova Delhi, capital indiana, atual presidente do G20. “Como indiquei em Nova Délhi, elegemos três linhas de ação para estruturar os trabalhos do grupo: primeiramente a inclusão social e o combate à pobreza; dois, a transição energética e o desenvolvimento sustentável; e três, a reforma da governança global”, disse.

Então, o foco do Brasil será, sobretudo, a redução das desigualdades em suas diferentes expressões, como climáticas, econômicas e sociais. “O lema da presidência brasileira – ‘Construindo um mundo justo e um planeta sustentável’– reflete essas prioridades. Estamos criando duas forças-tarefa, uma Contra a Fome e a Desigualdade e outra Contra a Mudança do Clima. Também lançaremos uma Iniciativa para a Bioeconomia. Vamos buscar resultados concretos, que gerem benefícios para os mais pobres e vulneráveis, em todo o planeta. O G20 ajudará a alavancar iniciativas multilaterais em curso”, disse Lula.

Brasil à frente

Às vésperas da COP28, que começa dia 12 de dezembro em Dubai, Lula fez questão de firmar o Brasil como protagonista na discussão em torno da preservação do ambiente e na luta contra as mudanças climáticas. “O Brasil sediará, em 2025, a COP30: a primeira COP na Amazônia. Queremos trabalhar no G20 para chegar lá com uma agenda climática ambiciosa que assegure a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas. Isso só será possível abordando seriamente o endividamento, o acesso a financiamento e mecanismos progressivos de tributação”, disse.

Por fim, Lula também provocou as demais lideranças sobre a necessidade do mundo ouvir diferentes vozes. Sobretudo vozes africanas que se levantam contra o neocolonialismo e crescem velozes. “Também vamos discutir como fortalecer a governança global para lidar com antigas e novas questões. Uma maior diversidade de vozes precisa ser levada em conta. É por isso que saudamos a incorporação da União Africana como membro pleno neste Fórum. O Brasil tem noção do tamanho da sua responsabilidade”, disse.