São Paulo – Futura chanceler argentina, a deputada Diana Mondino formalizou neste domingo (26) convite ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a posse de Javier Milei. A cerimônia será em 10 de dezembro, em Buenos Aires.

Diana Mondino esteve em Brasília e entregou o convite ao chanceler Mauro Vieira. A decisão, no entanto, caberá a Lula. Segundo o Itamaraty, os representantes dos dois países “discutiram também aspectos da relação bilateral e o atual estágio das negociações Mercosul-UE”.

Enquanto isso, o governo Lula acompanha o desenrolar dos acontecimentos em Buenos Aires para entender a transição. O objetivo é saber até que ponto acordos, tarifas e compromissos entre os dois países serão preservados pelo novo governo argentino. A expectativa é que um novo acordo poderá ser anunciado até o próximo dia 7 de dezembro, três dias antes da posse.

O governo brasileiro e a União Europeia temem que Milei mantenha em pé seu discurso anterior à eleição, pondo fim a acordo que está sendo discutido entre o Mercosul e o bloco dos países europeus.

Encontros entre representantes de Lula e Milei

A reunião deste domingo foi acompanhada pelos embaixadores do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, e da Argentina em Brasília, Daniel Scioli. Na sexta-feira houve um encontro entre o assessor especial do Palácio do Planalto, Celso Amorim, e o embaixador da Argentina em Brasília, Daniel Scioli. Questionados sobre a agenda do encontro, participantes da reunião disseram apenas que “todos os temas da relação bilateral” foram tratados.

Em Buenos Aires, as conversas também foram estabelecidas. A esperança é que haja pelo menos um espaço para a normalização da relação entre os dois principais parceiros comerciais e político da América do Sul.

Em meio à campanha eleitoral, Milei não poupou ataques a Lula, a quem chamou de “corrupto”. E seu discurso muito semelhante ao do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) inclui promessas de distanciamento do Mercosul.

Milei vem moderando discurso desde a vitória nas urnas

Com a vitória, porém, vieram sinais de moderação, interpretados pelo Itamaraty como indicadores de espaço para diálogo. Em especial quando Milei agradeceu ao presidente da China, Xi Jinping, pelos votos que Pequim enviou ao país pelas eleições. E também o telefonema de Joe Biden ao argentino, apoiador de Donald Trump.

Com o passar dos dias, Milei deixou claro que Lula será bem recebido se for à sua posse. No entanto, antes, havia acertado convite a Bolsonaro para a solenidade de posse, o que requer cuidados diplomáticos da Argentina. No entanto, paira no Planalto o temor de que Bolsonaro tenha mais prestígio que Lula, trazendo embaraços e constrangimento.

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Redação: Cida de Oliveira, com portal UOL