Genocídio em curso

Israel quer empurrar 1,4 milhão de palestinos para terras devastadas de Gaza

Já são mais de 31 mil mortos pelas ações de Israel em Gaza. Agora, sionistas querem deslocar 1,4 milhão para zonas destruídas

Agência Wafa
Agência Wafa
O exército sionista fala em "ilhas humanitárias". A ONU, em contrapartida, vê um cenário "apocalíptico"

São Paulo – Desde outubro do ano passado, Israel promove ataques em uma escala sem precedentes contra os palestinos civis na Faixa de Gaza. Inicialmente uma reação a um atentado do grupo armado Hamas, a ofensiva do governo sionista de Benjamin Netanyahu já deixa mais de 31 mil mortos e 73 mil feridos, além de uma população em colapso pela fome. No início do cerco, Israel obrigou 1,4 milhão de palestinos a deixarem o Norte da região rumo a Raffah, na fronteira sul. Agora, o plano é empurrá-los de volta ao território em ruínas.

O exército sionista fala em “ilhas humanitárias”. A ONU, em contrapartida, vê um cenário “apocalíptico“. Raffah, uma cidade com pouco mais de 300 mil habitantes, agora abriga a maior parte dos refugiados das cidades do Norte. Isso porque Israel disse que bombardearia com intensidade aquela região. Contudo, a realidade é diferente. Os mísseis e tanques israelenses atacam ferozes Raffah e outras cidades do Sul, como Khan Younis, que está praticamente destruída.

Não é segredo que a cúpula de Netanyahu pretende incorporar Gaza e finalizar o processo conhecido como Nakba pelos árabes. Trata-se da aniquilação do povo e cultura da Palestina. Neste processo, nos últimos meses, entre os alvos prioritários de Israel estão escolas, hospitais e centros de refugiados. Com pressões internas, o governo Netanyahu vive uma crise política e analistas enxergam que um cessar-fogo no momento poderia reaquecer as bases frágeis do sionista no governo. Então, trata-se de uma questão quase pessoal.

Escalada apocalíptica em Gaza

Então, para investir com maior peso sobre o Sul de Gaza, o exército de Netanyahu quer que esses 1,4 milhão de refugiados voltem ao Norte. Contudo, o fato é que mais de 70% do território está destruído. Além disso, armas não detonadas entre os destroços tornam todo o território inseguro. “Não há lugar seguro em Gaza”, afirma a diretora de Comunicações da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa), Juliette Touma.

“O norte está destruído, cheio de armas não detonadas, é praticamente inabitável. Qualquer nova escalada seria absolutamente apocalíptica”, completa Juliette. “Pelo menos 165 membros da equipe foram mortos, inclusive enquanto cumpriam o dever em Gaza, desde 7 de outubro. Mais de 150 instalações foram atingidas, dentre elas muitas escolas”, informa a ONU.

Sem precedentes

O sofrimento de civis em Gaza é praticamente sem precedentes. Trata-se da investida mais letal para jornalistas da história recente, superando a Segunda Guerra Mundial. Uma criança morre a cada 10 minutos no território palestino. Enquanto isso, os civis que agora morrem de fome, além de balas e bombas, não têm para aonde ir. Uma opção, ainda que extrema, seria um refúgio em massa para a Península do Sinai, no Egito. Contudo, o governo de Abdel Fattah el-Sisi rejeita a ideia no momento.

A comunidade internacional rechaça em massa as ações sionistas. Contudo, Israel age sob imunidade dos Estados Unidos, que veta qualquer proposta de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU. Netanyahu também encontra apoio e eco em seu discurso radical em meio à extrema direita global. Em entrevista a Christiane Amanpour, da rede americana CNN, a rainha Rania da Jordânia comentou nesta semana sobre o desastre humanitário em Gaza, criado pela agressão israelense ao território sitiado. “Passamos do estágio de tentar convencer Israel, temos de começar a agir e aplicar nossa influência política”, disse.